É muito comum alunos acharem que estudar é só assistir às aulas. Outros já se queixam por não terem tempo para estudar, porque estão abarrotados de aulas. Atinam para algo diferente. Você já parou para pensar no que seja estudar? Estudar é experiência complexa que passa por níveis de processamento mental. Existem aqueles que, quando indagados sobre determinados assuntos, alegam que já ouviram falar. Escutaram, por exemplo, sobre o processo de salinização e a lógica da circunferência, sobre a Lei Bill Aberdeen e a oração subjetiva, sobre o equilíbrio de equações e vários outros, mas não conseguem argumentar sobre eles. Ouvir falar não é estudar. É o nível mais superficial de um processo mental de aprendizagem.
O processo de estudar passa pelo menos por quatro etapas para se chegar à aprendizagem consistente. Primeiro ouvimos falar (lendo, escutando uma aula expositiva, assistindo a videoaulas, etc.). Essa primeira etapa é a da aquisição de dados, na superfície. A segunda está ligada à maior intervenção do sujeito para a interpretação do dado, pela sua decodificação e assimilação. Os dados se transformam em informação. Ocorre pequeno aprofundamento do processo. Já a terceira é a crescente associação da informação atual com conhecimentos prévios e sua transformação em um novo conhecimento. Isso ocorre, quando pelo processo do entendimento, da memorização e do processamento criativo da informação sobre um determinado tema ou assunto.
A etapa seguinte é o da habilidade de se apropriar desse novo conhecimento e aplicá-lo na rotina diária, com a capacidade de o indivíduo mudar sua própria e influenciar aquela a que ele está inserido. Esse processo é profundo e fantástico. Ocorre com todos nós, mas bem pouco na dinâmica das aulas assistidas de camarote pelos alunos. Esse pensamento de Confúcio nos ajuda a entender o processo menor ou maior da produção do conhecimento e da aprendizagem
“Conte-te me e eu esqueço.
Mostre-me e eu lembro.
Deixe-me fazer e eu aprendo.”
As escolas que oferecem opções de estudos, além das aulas expositivas, conduzem o aluno a condições incríveis de formação técnico científica e humana para relações sociais. Vejo isso nas escolas inovadoras que visitei e naquelas sobre as quais tenho lido.
A aula expositiva continua tendo o seu valor na escola, mas há muito deveria ter deixado de ocupar o primeiro lugar nas práticas docentes. O equívoco da maioria das pessoas é achar que ela é capaz de gerar aprendizagem profunda. As avaliações externas no Brasil têm mostrado que a escola e os alunos estão se ocupando com muitas aulas e pouco estudo, pagando caro por causa dessa insistência e teimosia.
Quero pensar que as escolas e professores vão conseguir aprender a trabalhar na perspectiva da aprendizagem mais significativa, através de processamento e apropriação das ideias e sua transformação em conhecimentos, pela via da construção de habilidades cognitivas e sociais pelos alunos e professores que precisam ser os primeiros agentes da aprendizagem.
A teoria do copo cheio visa a essa potencialização da prática docente. Inclusive, seu criador e defensor, o antropólogo Tião Rocha, chama essa teoria de pedagogia do copo cheio. Essa questão será o tema do próximo artigo. Se você se interessar pela discussão, me acompanhe.
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Escrito por Educação, no dia 02/10/2015