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Educação


Ocupação de escolas por estudantes



Tive uma grata surpresa ao ler a matéria "Jovens vão ocupar escolas de CL em ato contra a PEC 241", publicada na edição anterior do Jornal CORREIO. O texto aborda a iniciativa da União da Juventude Socialista (UJS), tendo à frente a líder estudantil Pâmela de Oliveira. Nessa mesma edição, eu escrevi no meu artigo: "Os estudantes não podem ficar fora dessa discussão. Essa é uma obrigação moral de todos que estão no ensino médio: da primeira à terceira série. Para isso, é preciso que os grêmios ou associações de estudantes convoquem debates com discussões organizadas e sistemáticas [...]".

Escrevi, ainda, que apostava que os estudantes apoiariam greves de professores das redes públicas e que "ocupariam escolas em curto e médio prazo, como grupos de pressão contrários às forças e lideranças políticas que defendem a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241) que já foi aprovada na Câmara dos Deputados". Evidentemente que os problemas do ensino médio, hoje, formam uma agenda de luta muito mais ampla do que a oposição à PEC 241 e a MP 746, que ameaçam estrangular os recursos e a estrutura do ensino médio. Se os estudantes secundaristas estiverem mesmo dispostos a discutir seus problemas, vão descobrir o tamanho e a importância dessa agenda. 

Sei que se trata de uma iniciativa de estudantes, mas, se for interesse da UJS e as organizações estudantis, eu me prontifico a conversar com eles sobre o que tenho lido, estudado e refletido sobre a urgente necessidade de realização de mudanças radicais no ensino médio. No mesmo artigo da edição do Jornal CORREIO, na semana passada, listei alguns problemas do ensino médio. Vou reproduzir alguns que me parecem urgentes para a agenda de discussão de todos nós: Currículo; Carga horária; Futuro do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); Base Nacional Curricular Comum (BNCC); Resultados no Enem e Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Ena­de); Integração Ensino Médio x Universidade;  Ori­entação psicológica para escolha do curso técnico ou profissional; Orientação sexual e questões de gênero; Escola sem ideologia; Avaliação escolar; Educação pela pesquisa; Escolas democráticas e/ou alternativas. Trata-se de uma grande oportunidade para os estudantes secundaristas tomarem consciência do seu papel de agentes do seu próprio processo de aprendizagem e formação em vista da construção de sua autonomia afetiva e intelectual.

Estou positivamente sensibilizado pela surpresa de ver a capacidade de mobilização de estudantes do ensino médio, nos últimos dois anos, desde as primeiras ocupações de escolas nas capitais e principais cidades brasileiras. As primeiras lutas dos alunos foram pela falta de merendas nas escolas. Podemos perceber que a demanda é muito mais profunda, apesar de que eles já sinalizavam e denunciavam, talvez sem terem consciência disso, que atrás da falta de merenda existiam esquemas de corrupção pelo desvio de merenda e materiais escolares, envolvendo prefeitos e diretores de escolas.

Hoje, os estudantes estão percebendo que o desrespeito por seu patrimônio cultural é bem maior e exige mesmo mobilização. Por isso, apoio a decisão deles em ocupar as escolas, como espaço público para discussões de seus problemas. Até que enfim alguém está percebendo que no Brasil ainda não temos escolas públicas, mas escolas estatais e que precisamos tirar as decisões sobre a escola pública das mãos do estado, pois ele não dá conta de perceber e resolver os problemas da Educação. Porém, isso vai exigir dos estudantes muita maturidade, leituras, estudos e calma para interferirem no processo com sucesso e não com fracasso.

Eles precisam ser os protagonistas do seu processo educativo - coisa que a escola nunca lhes permitiu, nessa educação para a submissão e nesse ensino médio adestrador que temos. Porém, creio, que em alguns momentos vão gostar e precisar do apoio de adultos. Posso me empenhar em chamar pessoas de escolas de­mo­cráticas para conversar com eles, e posso aplicar palestras gratuitas, mostrando fotos e vídeos de escolas democráticas e alternativas que tenho visitado Brasil afora. É preciso construir um ensino médio em que os estudantes se sintam felizes, realizados e que estudem mesmo, para obterem resultados decentes nas avaliações. Bem! Se quiserem, estou por aqui. (Rs)

José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]



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Escrito por Educação, no dia 04/11/2016




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