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Educação


Desabafos e Dia do Professor - (Parte 2)



Às vésperas do Dia do Professor, vale a pergunta: ?O que os professores podem comemorar no seu dia como profissionais da educação?? Você já pode imaginar as respostas de cada um deles, em todos os níveis de escolaridade de todas as redes de ensino. Se considerarmos os desabafos de uma professora de uma cidade da nossa região, creio que a insatisfação e o sentimento de abandono é muito grande entre eles.

"O número de meninas indisciplinadas aumentou assustadoramente. As indisciplinas mais comuns e frequentes são agressão verbal e física contra colegas, além do uso de termos desrespeitosos com os professores, falta de par­ticipação nas aulas e não realização das atividades acadêmicas pedidas em sala e para a casa. Alunos que saem da sala para ir ao banheiro e não voltam. Um grande número de alunos fica no pátio em horários de aula.

Os professores falam mal dos alunos, dizendo que eles não querem saber de fazer nada e que não estudam o necessário. Que não estão dando conta de transmitir o conteúdo porque eles não têm disciplina e responsabilidade. Fa­lam que as turmas de antigamente que eram boas. Po­rém, eu já ouvia esse mesmo discurso há 16 anos. Vejo que realmente agora piorou, mas dentro desse período, nada mudou no ensino.

Quando digo que as salas de professores virou muro de lamentações é porque a única coisa que querem ali é lamentar. Não querem ouvir, discutir e nem buscar coisas novas. Coloco-me no grupo, enquanto equipe, mas não vejo em mim a força de antes para argumentar e discordar. Fiquei apática. Estou individualista porque não me identifico mais com a equipe e escola em que trabalho. Tive de aprender a ser negligente. Senão, adoeceria.

Hoje, se vejo um aluno matando aulas no pátio, não tenho mais coragem de falar nada. A direção não me dá esse aval. Apenas quero o anonimato. Infelizmente, é a realidade que estou vivenciando. A escola na qual trabalho foi referência no estado há tempos atrás. Hoje, a decadência que se encontra me perturba pro­fundamente. A primeira coisa que percebo é que não temos um trabalho em equipe. Antes, nós, professores, tínhamos orgulho de fazer parte da escola. Hoje, parece que ficou ?cada um pra si e Deus por todos?.

O que a gente ouve da boca dos professores que estão todos os dias em sala, de forma geral, é o seguinte: eu não aguento mais! Os alunos não aceitam limites e tudo que fazem, não tenho onde recorrer. Com alunos maiores de 14 anos elegendo o diretor, tem a possibilidade de ser eleito aquele que acredita que dará mais "mordomias"; que pegará mais leve. Os pais e professores são minoria e o voto tem peso igual. Resumindo: professores e pais responsáveis perderam a voz".

Você, que não conhece a realidade dura das escolas municipais, estaduais e particulares da sua cidade e região, certamente vai dizer que essa professora é exagerada e está se fazendo de vítima. Infelizmente, devo dizer que o que ela relatou acontece muito, mas muito mesmo, de forma até mais assustadora, em algumas escolas. Evidentemente que existem muitas experiências edificantes e gratificantes em muitas escolas. Mas sejam nas conquistas ou nos fracassos, as escolas e os professores vivem uma profunda experiência de invisibilidade e abandono social.

Apesar dos dissabores, eu lhe desejo feliz Dia dos Professores. Que você prossiga na confiança em seu trabalho e se sustente na confiança em si mesmo(a).

EM TEMPO - Se você tem relatos sobre sua escola e, se quiser que eu os publique, pode me enviá-los pelo e-mail acima. Garanto-lhe meu compromisso ético de manter anonimato sobre o nome da sua escola e sobre seu nome.  

José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]



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Escrito por Educação, no dia 28/10/2016




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