Quero fazer um ciclo de palestras, inicialmente, nas cidades do Alto Paraopeba. Muitas serão gratuitas. Vou apresentar metodologias de trabalho e culturas construídas em várias escolas, conhecidas como democráticas. É sobre isso que eu gostaria de tratar na edição desta semana. Muitos sabem que tenho conhecido escolas que chamam a atenção pela forma como trabalham os conteúdos impostos pelo MEC e como avaliam seus alunos. Mais ainda, pelos resultados animadores que elas têm obtido nas avaliações oficiais do governo, principalmente na Provinha Brasil e Prova Brasil. Além disso, vou apresentar as formas como aplicam o artigo 23 da LDB-9394/96, que faculta às escolas usar de seu tempo e espaço com certa autonomia.
Em 2015, visitei a Escola Municipal João Pio, em Tiradentes, e pude constatar como estão construindo, gradativamente, uma outra cultura escolar, com a assessoria da equipe do Projeto Âncora, de Cotia (SP). Vi oficinas de inglês e de música, com trabalhos voluntários de profissionais da comunidade. Vi crianças maiores, ajudando as menores na aprendizagem e a educação no refeitório, pois a escola é de tempo integral. Já fiz três visitas à escola e pude perceber como a experiência está se consolidando. Os resultados das notas das crianças foram tão expressivos em 2015 e até superiores a escolas particulares que, neste ano de 2016, muitos outros pais queriam matricular seus filhos nela a todo custo, trazendo novos desafios à equipe, que quer assegurar acompanhamento pessoal às crianças, segundo as necessidades de cada uma delas.
Na segunda-feira, dia 27 visitei a Escola da Serra, em Belo Horizonte, hoje dirigida pelo professor Sérgio e por um ex-professor da Escola da Ponte, o Cristiano. Passei o dia na Escola, que é de tempo integral, observando as crianças e a forma como os educadores trabalham com elas. Portanto, já tenho muita coisa a falar das sete experiências que visitei, pois em todas elas, conversei com educadores e alunos, tomei notas e registrei imagens.
Sei que em nossa região, como Brasil afora, existem muitos professores com práticas docentes extraordinárias. Porém, estão isolados e desconhecidos no trabalho de sala de aula. São forças expressivas e animadoras, mas pulverizadas. Estão prontas para atuarem em outras culturas escolares, mas esbarram com a velha cultura do modelo tradicional de escola que trabalha com grandes grupos e só atende o aluno pela média e não a partir de suas necessidades. Quero dar vez e voz a esses professores para falarem em nossos encontros, se eles quiserem.
Hoje existem muitas possibilidades para mudarmos a escola de modelo clássico. E existe um interesse grande de professores e alunos nesse sentido. Podemos confirmar essa demanda pelas críticas que muitos estão fazendo ao sistema, ocupando as escolas nas grandes cidades. Há um tendência nacional favorável à criação de currículos mais flexíveis. A nossa última LDB é progressista nesse sentido e o MEC tem refletido nos últimos meses sobre a criação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) - que vai impor um núcleo nacional, mas vai permitir que parte dos conteúdos sejam escolhidos pelas necessidades e questões regionais.
Além disso, o Ministério da Educação está lançando o programa Inovação e Criatividades na Educação Básica, coordenado pela educadora, Helena Singer. O programa visa selecionar a apoiar as práticas inovadoras docentes que trouxerem contribuição para maior aprendizagem das crianças. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=dPBsOj5ME28. Ou ainda no site: www.criatividade.mec.gov.br
Sinto que a BNCC e esse Programa do Ministério trazem uma grande possibilidade de usarmos o tempo e espaços escolares com resultados promissores, se formos criativos e levarmos a educação a sério.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 08/07/2016