Às vésperas do dia dos namorados, vale deixar
uma pergunta aos adolescentes, aos seus pais ou responsáveis: namorar enquanto
se estuda dá certo? A resposta é: depende. Eis algumas razões para a resposta.
Principalmente nos últimos quinze anos, foi fácil observar que os adolescentes
começaram a namorar cada vez mais cedo. Quando não escolhem colegas da própria
escola, querem alguém de outras escolas vizinhas, em geral, amigo do amigo, ou
amiga da amiga.Muitos pais ficam
extremamente preocupados por verem os adolescentes começando um compromisso
ainda imaturos. Evidentemente, que essa preocupação tem seu lugar, mas, como
educador, gostaria de dizer que, muitas vezes, as decisões de começar o namoro
sendo ainda ingênuo, imaturo ou verde, como nós adultos dizemos, pode ser a
grande oportunidade para alguns deslancharem um processo pessoal de
amadurecimento, responsabilidade e compromisso consigo próprio e com os outros.Por anos a fio,
verifiquei várias situações interessantes, principalmente de meninos que se
encantaram com meninas estudiosas, que mostravam ter sólidos valores e objetivos
de vida bem claros. Eles foram influenciados pelas namoradas de forma positiva.
Conheci alguns alunos que só conseguiram amadurecer suas ideias e concentrar
sua atenção depois que começaram a namorar meninas que tinham foco, que eram
concentradas e centradas nas suas atitudes e decisões.Vi casos incríveis de
meninos que pararam definitivamente de ser indisciplinados ao namorarem meninas
seguras e com personalidade já bem desenvolvida e pensamento humano bem
formado. Daí, o que se via era um desempenho cada vez melhor em notas e o
surgimento de jovens que deixava as atitudes infantis para trás, com uma
conversa mais interessante, com crescente repertório e postura crítica para
discussões de ideias. Se isso me
encantava como educador, imagine o que os pais deveriam sentir. Vi a mesma coisa
ocorrer em relação a meninos bem focados e com objetivos bem definidos.
Começaram a namorar meninas indisciplinadas e sem foco. Essa experiência é
fantástica, pois há meninos de personalidade já bem formada, cuja postura
influencia determinantemente as meninas que não gostam de estudar, ou que têm
dificuldade para assumir compromissos. Há namoros que duram
o ensino médio todo e costumam até vingar mesmo com o ingresso dos namorados em
cursos superiores, em cidades diferentes. Evidentemente que daí decorre outra
realidade, nem sempre persistente e duradoura. Até aqui, fiz uma
análise das relações hétero. Mas é preciso considerar a mesma pergunta para as
relações homoafetivas. Estudar e namorar dá certo? Na minha percepção, as
condições são as mesmas. O que pode ocorrer para o casal é o desafio de
enfrentar preconceitos sociais pela orientação sexual vivenciada. Claro que
isso pode se tornar um grande sofrimento para as pessoas, mas pais e
responsáveis precisam entender que o que importa é verificar se o namoro está
tranquilo e se o casal demonstra estar bem resolvido.Se os adolescentes
mirassem na clareza e segurança de conduta de alguns colegas, mesmo que não
namorassem, boa parte do baixo desempenho e das notas baixas seria
satisfatoriamente resolvida.Até aqui, tratamos do
lado positivo de estudar e namorar. Evidentemente que ocorre o avesso disso. Já
vi casos desastrosos de gente centrada ficar totalmente desorientada e
desfocada ao se envolver com pessoas de péssima índole, com desvio de caráter e
outras mazelas. Como a possibilidade de paixões ocorrerem entre opostos tão
opostos, de fato, pais ou responsáveis, precisam acompanhar as decisões dos
adolescentes, sem cercear liberdades, mas atentos.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
Contato: [email protected]
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Escrito por Educação, no dia 17/06/2016