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Educação


Deixem as crianças questionarem



Eu estava nas imediações da quadra de esportes da rua Brasil, em nossa cidade, à espera de minha irmã, estacionado perto de uma lojinha, onde dois meninos, de mais ou menos 10 anos, conversavam. Um deles, eu suponho ser filho ou sobrinho, fez uma pergunta a uma senhora, ainda bem jovem, que disse alto que não ia responder.  Ele reagiu àquela atitude e a pessoa disse que, simplesmente, não queria ser questionada. Não queria era que a criança questionasse. O menino abaixou a cabeça e franziu a testa. Eu interpretei como frustração e tristeza. Estava a observar tudo, mas não consegui escutar o que o outro colega falou e ele abanou os ombros, colocou a mão na cabeça e ficou a pensar. A senhora continuou fumando e conversando com uma colega.

Depois de certo tempo, em silêncio, o menino se levantou e foi seguido pelo outro. Entraram em um portão ao lado e, daquele momento em diante, não sei o que ocorreu. Sei apenas que a criança foi silenciada na sua curiosidade. A condição indefesa daquele menino me incomodou muito. Por que o final tinha de ser aquele? Tive vontade de sair do carro, sentar perto deles e dizer para questionarem, sim, para jamais deixarem de questionar. Você teria essa coragem?

Você é do tipo que encoraja os pequenos a serem pessoas curiosas, ou reprime das perguntas delas? Não faça isso.  A morte das perguntas é a morte da curiosidade é, consequentemente, a morte das inovações e dos inventos, das descobertas e da criação de novos conhecimentos. É isso que as escolas e os adultos fazemos com as crianças: sufocamos a curiosidade delas, matamos as perguntas e formamos cidadãos sem cidadania crítica, pessoas dependentes e inseguras, incapazes de administrar a própria vida e os negócios das empresas. Quase sempre lhes falta espírito de iniciativa, pois vivem travados pelo medo.

Muitos jovens e adultos cresceram cheios de medos. Não conseguem ser ousados e inventivos por culpa dos adultos, quase sempre, pessoas ainda novas que deveriam ter mente arejada, mas continuam formando crianças para a submissão, para o medo e para a alienação social. Adultos inseguros e alienados tendem a repetir a formação que receberam.  Era de se esperar que em meio a tanto avanço e acesso a informações, as pessoas conseguissem se livrar de antigos fantasmas que as maltrataram. Contrário a isso, fazem o mesmo que seus pais e avós: perpetuam a opressão sobre as crianças. Matam a curiosidade e os questionamentos delas. Os adultos começam isso em casa e nós, mestres, reforçamos a dose na escola. Isso é perverso!

Não é por acaso que as crianças formadas sob a repressão às perguntas ficam  indiferentes ao que acontece ao seu redor. Perdem a capacidade do encantamento diante das maravilhas da natureza ao seu entorno. Passam a achar os estudos desinteressantes, aborrecedores e chatos. Com o tempo tornam-se adultos sem iniciativa e criatividade.

Se vocês, pais ou responsáveis, querem que seus filhos ou dependentes cresçam corajosos, inventivos, audaciosos, inovadores e empreendedores, deixem as crianças questionarem. Os que foram conhecidos como gênios, realizaram grandes feitos, porque foram incentivados a fazer e questionar, a descobrir e inventar. Você quer um filho com vontade e decisões próprias ou um submisso, dependente e inseguro para o mundo atual? Quer o sucesso ou fracasso dele?   



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Escrito por Educação, no dia 31/10/2015




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