É impossível passar pela rua de Richmond, no estado americano da Virgínia, sem notar uma bela intervenção artística ao ar livre. Estamos falando do Hope Wall (Muro da Esperança), uma exposição rotativa com mais de 150 cartazes, inaugurada em setembro do ano passado, cujo tema é a esperança pela igualdade social e racial.
A ideia partiu de uma ex-curadora do Museu de Belas Artes da Virgínia e de dois designers e professores aposentados da universidade local. São eles quem fazem a curadoria da mostra e, a cada três semanas, colam grupos de nove cartazes sobre o muro, substituindo os anteriores.
Como já é tradição em Richmond, os cartazes do Hope Wall são afixados com grude, uma cola caseira feita de farinha de trigo. No Brasil, a técnica é chamada de “lambe-lambe”. Historicamente, em espaços públicos de qualquer centro urbano do planeta, essa tem sido uma forma de comunicação visual barata, rápida e impactante, especialmente em períodos turbulentos como os atuais.
O Hope Wall expõe criações de designers e artistas americanos e de outros países, como Holanda, Polônia, Turquia, Uganda e Brasil. A peça brasileira foi desenvolvida pelo lafaietense Hélcio Queiroz, formado em design gráfico pela faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo.
Sem usar a linguagem fria da computação gráfica, Hélcio Queiroz fez questão de destacar a cultura e o artesanato de sua terra. Assim, a palavra “Hope” (esperança) foi desenhada com círculos contendo detalhes de bordados de dona Maria Augusta, mãe do artista e professora de bordado livre no Ponto de Cultura Amar.
E não é só isso: um dos cartões postais de Lafaiete, a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, está entre os desenhos bordados, junto a casas, meios de transporte, plantas, bichos e uma grande diversidade de pessoas. “Propositalmente, cada imagem aparece duas vezes, para que os visitantes brinquem de localizar os pares, como num jogo da memória”, explica o artista. Completando a arte, aparece o famoso refrão “Desesperar jamais!”, emprestado da música de Ivan Lins e Vítor Martins, reforçado pela frase em inglês “Never lose heart!” (Nunca perca o coração!).
Encerradas as rodadas da exposição dos cartazes, haverá a publicação de um livro sobre o Muro da Esperança. Enquanto isso, imagens podem ser vistas no Instagram do projeto (@hopewallrva) e de Hélcio Queiroz (@qhelcio).
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Postado por VICTOR HUGO DO CARMO ROCHA, no dia 17/09/2021 - 14:03