Depois de passar um bom tempo longe do lazer da pescaria, principalmente em nossa região de Conselheiro Lafaiete, voltei a participar dessa atividade. O objetivo maior também era rever os famosos pesqueiros de lambaris e chatinhas que faziam parte de um passado distante, tempos de minha juventude, quando, para pescar, não tínhamos condução.
Caminhávamos grandes distâncias a pé ou de bicicletas. Vencíamos com dificuldade a poeira, o barro do caminho e, quando encontrávamos estrada de cascalho, podíamos considerar um luxo. As varas de pesca eram de bambus previamente elaborados de acordo com o pesqueiro.
A dificuldade de acesso e o cansaço físico eram recompensados com o sucesso da pescaria: os samburás feitos de taquara voltavam repletos de chatinhas e lambaris. As margens dos rios eram cobertas por uma vasta vegetação, emoldurando os grandes remansos ali formados.
Recentemente, voltei a esses lugares na companhia do primo Elcio e dos meus filhos Marcone e Gustavo. Não fomos a pé e nem de bicicleta: viajamos de carro por uma rodovia asfaltada. Só uma pequena parte da estrada era de terra. As varas de pesca já não eram mais de bambu, e sim, de fibra de carbono. Levamos vários tipos de iscas - já todas prontas.
Houve um progresso, mas de que adianta isso se os peixes são raros? Os mesmos rios estão lá, mas quase não têm água. Os remansos e a vegetação estão diminuindo. Eu vi, estampadas no rosto do meu primo, Elcio, uma tristeza e decepção enormes. Ele tinha contado para os meus filhos sobre um pesqueiro com um belo remanso e muitas piabas, lambaris, chatinhas...
Então, eu voltei. Não deu para ficar. Não deu para pescar. Esse não é o lugar que imaginei.