A maioria dos professores que atua na Educação Básica tem uma reclamação em comum: sofre de estresse ou conhece quem já passou por isso. Em geral, as causas apontadas são a frustração diante da precariedade dos recursos para o trabalho e a pouca autonomia para ministrar os conteúdos em sala; a violência escolar e a indisciplina dos alunos; a falta de apoio da gestão e da família dos estudantes e a formação precária, que faz falta em momentos decisivos no dia a dia em sala, quando o professor fica sem saber como agir.
As estatísticas de afastamento por estresse são alarmantes. Para se ter ideia, todos os dias, no estado de São Paulo ? que tem a maior rede de ensino público do país, com cerca de 250 mil professores ? 30 mil professores faltam sob a justificativa de distúrbios psíquicos relacionados ao trabalho. Um levantamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Espírito Santo indicou que 50% dos afastamentos da rede municipal da capital Vitória tinham esta mesma causa. E em 2007, a revista Nova Escola e o Ibope fizeram uma pesquisa com 500 professores de redes públicas das capitais e os números foram semelhantes: mais da metade dos entrevistados se queixava de estresse.
Eis alguns caminhos possíveis para moderar o estresse no trabalho: cobrar o apoio dos gestores. Quando diretores e coordenadores pedagógicos assumem, de fato, a liderança da equipe e passam a acompanhar mais de perto o trabalho do professor, atendendo as questões que o afligem, a qualidade do ambiente escolar melhora. E a saúde de todos também tende a melhorar. O primeiro passo para lidar com o problema é estabelecer espaços de diálogo com a equipe: ?Falta um lugar físico e simbólico de troca nas escolas, para que o professor compartilhe o que sente com os colegas e onde possam surgir novas ideias e iniciativas para solucionar as questões que causam estresse e pioram a qualidade do ambiente escolar?, explica Rosana Márcia Rolando, da Universidade de Brasília.
É preciso se qualificar, para saber lidar com as necessidades dos alunos, ou seja, os professores precisam estudar sempre. A falta de preparo para tratar das situações de indisciplina, violência e problemas de relacionamento que aparecem no dia a dia teria de começar já na graduação. Os cursos aligeirados de pedagogia, sobremaneira alguns a distância, têm licenciado professores totalmente despreparados, principalmente, para aplicarem novas teorias da aprendizagem e, com isso, minimizarem as questões ligadas à indisciplina. Rosana destaca que o relacionamento entre professores e alunos e os efeitos desta relação são pouco discutidos na formação inicial dos docentes. ?Existe uma lacuna no currículo das faculdades e o estudante de Pedagogia ou de licenciatura não é preparado para lidar com situações reais de indisciplina. Quando ele se depara com os problemas do dia a dia não sabe o que fazer?, relata.
Conversar sobre o problema com a turma e realizar assembleias aproxima o professor dos alunos e faz com que todos se responsabilizem pela qualidade dos relacionamentos, à medida que as soluções para os problemas podem ser encontradas coletivamente. Para Mariana Wrege, coordenadora da pós-graduação em relações interpessoais da Universidade de Franca, o professor não precisa ser o foco de todo o conteúdo, mas deve abrir espaço para que os estudantes tragam informações sobre o tema estudado. Os alunos precisam reconhecer que são corresponsáveis pela própria aprendizagem.
É preciso repensar o planejamento das aulas. O alívio do estresse também depende da sua atuação, professor. Muitos docentes têm uma resistência em mudar a maneira de ensinar e em buscar alternativas para enfrentar melhor as causas reais do estresse. Além de repensar a forma como dar aulas, em busca de um ambiente mais democrático e cooperativo, e confiar mais na participação dos alunos, a formação contínua é um motor para mudanças positivas que beneficiam a aprendizagem e valorizam o trabalho do docente. Quanto mais o professor conhece e aprende, mais aplica o que sabe e aprimora sua prática. Vale também evitar o excesso de aulas expositivas. Falar e não ser ouvido, além de não render nada, aumenta o estresse do professor pelo sentimento de abandono.
Fonte adaptada: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/estresse-como-lidar-problema-mais-afasta-professores-sala-aula-690675.shtml. Acessado aos 02/07/2012.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 20/05/2016