Os créditos deste texto é do especialista em T&I Marcelo Vicente Freire Alves. A discussão do autor sobre a inserção de novas tecnologias nas salas de aula é interessante, mas fica a pergunta: Como fazer na escola a transposição do giz aos móbiles conectados à internet?
Ainda não vi isso na prática. Até agora, o máximo que alguns já fizeram foi abandonar o giz e a lousa de cimento, passando ao uso do quadro branco com pincel. Porém, as relações de poder continuaram as mesmas: alguém que sabe transmite informações para uma massa que não sabe. Só que a web 2.0 está revolucionando essa relação hierárquica e vertical, forçando a escola a ser repensada, pois os adolescentes estão aprendendo em rede, de forma autônoma e muitos estão obtendo informações mais precisas e rápidas do que as transmitidas por seus antigos professores. O aluno está avançando e o professor, ficando para trás. Claro que alguns estão percebendo isso e já começam a mudar concepções e práticas. Só que a questão é estrutural. A instituição precisa fazer mudanças radicais, não apenas os professores.
"Fazendo uma reflexão sobre o processo de educação nas salas de aula hoje, percebemos uma mudança de perfil e postura tanto do aluno quanto do professor. O aluno não depende mais do ambiente escolar para trazer tecnologia ao processo de aprendizagem. Ele mesmo providencia sua inserção na virtualização da aprendizagem, independentemente do direcionamento da escola e do professor.
Para ter aulas de reforço, por exemplo, pode-se acessar o Youtube e assistir a uma infinidade de conteúdos relacionados às matérias lecionadas. A passividade na aprendizagem está mudando. Iniciativas dos próprios alunos em rede têm suprido as necessidades de educação. O uso do celular, por exemplo, vem sendo um artefato de consulta dinâmica e desafiador para o professor. Resta a quem conduz esse processo trazer uma proposta mais efetiva relacionada à modernização da aprendizagem.
Hoje, existe uma infinidade de propostas voltadas à modernização do processo educativo. No entanto, fazemos uma ressalva: nada pode ser implementado por modismo ou sem uma função bem-definida nesse processo. A pedagogia tem de vir junto da tecnologia, embasando e averiguando os resultados reais. Outro desafio é respeitar as diferenças de aprendizagem, o que coloca o modelo tradicional das escolas em xeque, uma vez que as adequações às formas, às velocidades e ao conhecimento prévio do aluno levantam a necessidade de um novo ambiente pedagógico e de um novo professor adaptado a essa realidade. Interatividade e ensino em rede são hoje temas importantíssimos nas escolas.
Em 2015, o Senac Minas participou do evento internacional NetRiders, promovido pelo parceiro Cisco System. Os alunos foram envolvidos numa competição na qual suas competências foram mensuradas por meio de uma proposta virtualizada composta por questionários e atividades práticas simuladas. O objetivo foi incentivar a criatividade do aluno juntamente com a ideia de trazer a interdisciplinaridade, o empreendedorismo e a vivência por meio de simuladores e competições saudáveis. A partir dessa experiência, o Senac inseriu em seu planejamento de 2016, junto com a capacitação do corpo docente, a execução de um projeto piloto em gameficação - a inserção de games educativos no processo de aprendizagem, envolvendo, inicialmente, o curso técnico em redes de computadores e estendendo-o, depois, aos demais no decorrer do ano.
É importante salientar a necessidade de capacitação do corpo docente para a utilização dessas novas tecnologias e fazer o acompanhamento necessário ao desenvolvimento dos alunos. Outro fator necessário é promover os 13 passos - propostos pelo sipovir.org - para a adoção de novas tecnologias em sala de aula: acreditar, entender, conhecer, planejar, pensar, incentivar, permitir, estimular, motivar, criar, valorizar, engajar e propiciar".
Estou sabendo que muitos professores, mesmo os novos, estão muito resistentes às mudanças. Porém, chegará o momento em que a escola não conseguirá se manter como está até agora. A ocupação dos prédios escolares pelos alunos já é um recado para mostrar isso às escolas.
Fonte: Jornal "O Tempo" - Domingo,
17/abril/2016. p. 23
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 13/05/2016