Vou trazer fragmentos de uma matéria, publicada recentemente na Folha de São Paulo pela psicóloga Rosely Sayão, sobre a coragem que a vida pede de todos nós. Nesse texto, ela retoma a frase de Guimarães Rosa: ?O que ela (a vida) quer da gente é coragem?.
Ela escreve: ?O filho de uma leitora, com nove anos, já retornou para a escola. Depois dos primeiros dias, passou a chorar antes de ir. O motivo? Ele diz que os colegas não gostam mais dele. Ele continua a frequentar a mesma escola e a sua classe é quase igual à do ano passado, apenas com alguns colegas diferentes, transferidos de outras escolas e cidades. Essa mãe está agoniada, porque diz que ele sempre foi querido pelos colegas e pergunta se deve procurar outra escola. Que sofrimento de mãe e filho!?
Em outra parte, ela diz: ?Vamos tentar entender essa questão, já que inúmeras mães, e pais também, têm se angustiado com questões muito semelhantes a essa, ou seja, com o que eles consideram a rejeição a exclusão e o isolamento sofrido pelo filho por parte dos colegas, tanto de escolas quanto da vizinhança?.
A psicóloga está partindo da melhor das hipóteses, qual seja, a de que inúmeras mães e pais estão, realmente, angustiados pelo que os filhos têm enfrentado nas escolas. De fato, hoje em dia está cada vez mais comum ver nós homens presentes na vida escolar dos filhos. E que muitas mães são zelosas e empenhadas no acompanhamento delas em sua rotina escolar. Mas é preciso considerar que há muitos, mas muitos pais e mães, que não só estão ignorando os desafios vividos pelos seus filhos na escola, como são os primeiros a humilhá-los, a criticá-los em casa, achando que crianças não têm sentimento. Essa atitude é cruel e perversa. E assustadoramente, vem sendo praticada por casais jovens que deveriam ter a mente mais esclarecida, aberta e preparada para a diversidade, para as questões de gênero e orientações sexuais de seus filhos.
A exclusão, a rejeição e o isolamento que Rosely Sayão descreve acontecem mesmo, mas com certa frequência dentro de casa e pelos próprios pais ou responsáveis. Há crianças que sofrem muito, pois não sabem onde é pior, se em casa ou na escola. Os cuidadores que não cuidam como deviam, são aqueles dos quais elas mais esperam e nos quais mais confiam e de quem menos recebem, deixam todas em situação altamente conflitante e perturbadora. Isso é muito para a mente infantil. É lamentável saber que, para muitas crianças, a exclusão começa dentro da sua casa, principalmente no que se refere à orientação sexual delas e à homoafetividade.
Sugiro aos diretores que, na primeira reunião pedagógica e de pais deste ano, discutam um pouco sobre essas questões, principalmente sobre o sofrimento das crianças ao se sentirem isoladas e rejeitadas e o impacto dessa realidade sobre o processo de aprendizagem. Sugiro, ainda, que os professores peguem pelo menos uma aula para conversar com seus alunos sobre essa frase de Guimarães Rosa.
As atuais gerações parecem seguras, corajosas e autônomas, principalmente porque estão conectadas às tecnologias. É tudo aparência! Os acessos que eles têm às redes sociais, por exemplo, geram mais dependência do que a autonomia para muitos deles.
Esses meninos não aceitam ser cobrados e não gostam de perder e têm dificuldades de conviver com as frustrações. E mais do que nunca a vida contemporânea pede delas muita coragem. E na crueza da vida não há Chapolin Colorado para resolver problemas de ninguém.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
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Escrito por Educação, no dia 05/02/2016