Infelizmente, as notícias sobre a realidade educacional brasileira não são boas, como eu gostaria de anunciar. Perdemos muito tempo falando de habilidades e competências e de pedagogia de projetos, desde as obras de Phillip Perrenoud e Fernando Hernandez. Mas tudo caiu na vala do modismo inconsequente que diretores e professores adotam para camuflar a realidade educacional e fingir mudanças.
Agora, pelo menos 20 anos depois, amargamos a nossa incapacidade de fazer adequações sérias nos currículos, na metodologia de trabalho e nas teorias da aprendizagem. Tal incapacidade foi mais por resistência às mudanças do que por condições técnicas de trabalho. Temos muita gente boa querendo fazer, mas sendo minoria vencida pelo conservadorismo que mantém uma ultrapassada cultura escolar.
Hoje, as pesquisas mostram que nossos alunos não desenvolveram habilidades emocionais, sociais e cognitivas básicas esperadas. Eles não têm concentração, persistência e perseverança, resiliência e capacidade de administração do tempo pessoal. Falta capacidade de raciocínios e de interpretação básicos. Aqueles bem sucedidos o conseguiram por mérito próprio ou pela família, não pela lógica do sistema educacional.
Prova disso é que ?32 mil alunos brasileiros de 964 escolas participaram da prova do Pisa 2015. Aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o exame é tido como a principal régua internacional para comparar a qualidade do ensino entre os países. Nesta edição, explica Naercio, a prova passou a ser realizada via computador, o que, pela primeira vez, tornou possível medir o tempo que os alunos dedicavam a cada exame. Uma nova edição foi aplicada em maio passado a 19 mil estudantes brasileiros de 15 anos, em 661 escolas, e os resultados devem ser divulgados no segundo semestre de 2019.
O desempenho dos alunos brasileiros, de acordo com os dados, vai decaindo ao longo da prova. No primeiro bloco de perguntas, quando pressupõe-se que os alunos estão mais dispostos e descansados, o índice de resolução dos brasileiros é de cerca de 40% das questões. Intui-se, a partir daí, que esse desempenho se deva basicamente aos conhecimentos insuficientes sobre os temas abordados.
À medida que a prova avança, porém, a atenção, a motivação e a persistência parecem ter um peso crescente na probabilidade de acertos das questões. "Se pegamos o final da prova, temos (índice de resolução) de apenas 15% entre os alunos brasileiros, contra cerca de 50% entre alunos finlandeses e coreanos", explica Menezes.
Como muitos alunos sequer chegam ao final do exame, os pesquisadores creem que, além de não saberem o conteúdo, falte motivação e sobre dificuldade para gerir o tempo da prova.
Para Menezes, esses mesmos problemas que aparecem no Pisa podem prejudicar o desempenho dos alunos também no Enem. Mas com uma diferença crucial: no Enem, os alunos se esforçam mais para garantir uma vaga na faculdade.
"Temos de levar em conta duas motivações: a intrínseca, de cada pessoa - de encarar uma prova como um desafio, como (fizeram) os alunos da Coreia e da Finlândia no Pisa. Eles começam bem e se mantêm bem durante toda a prova. E temos a motivação extrínseca, que é a recompensa de ir bem. O Pisa não tem isso, porque não acontece nada (ao aluno individualmente) se ele for mal na prova."
José Antônio dos Santos
Membro da ACLCL e mestre pela UFSJ
Contato: [email protected]
Fonte adaptada: Fonte - https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/despreparo-emocional-pode-prejudicar-estudantes-brasileiros-tanto-quanto-falta-de-conhecimento/ar-AAAjSs6?li=AAggXC1&ocid=mailsignout. Acesso aos 20/07/2018.
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Escrito por Educação, no dia 16/08/2018