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Sexta-feira Santa convida fiéis à reflexão e resgata o simbolismo da morte de Cristo

Celebração católica faz parte do Tríduo Pascal e é marcada por jejum, silêncio e tradição milenar que também se conecta com outras religiões



Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil


Data retoma últimos passos de Jesus até a sua morte

A Sexta-feira Santa, celebrada neste 18 de abril, é uma das datas mais solenes para os cristãos, especialmente os católicos. Parte das celebrações da Semana Santa, ela recorda a paixão e morte de Jesus Cristo e convida os fiéis à oração, ao silêncio e à penitência.
A data integra o Tríduo Pascal — período de três dias que antecede o Domingo de Páscoa — e carrega um forte simbolismo espiritual. Sua origem está ligada à tradição judaica da Páscoa (Pessach), celebrada entre o sábado e domingo de lua cheia após o início da primavera no hemisfério norte (outono no hemisfério sul).
“Quando a gente vislumbra o período de preparação para a Páscoa, isso vem de uma tradição anterior ao cristianismo, já presente no judaísmo”, explica Ana Beatriz Dias Pinto, doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
De acordo com a especialista, a crucificação de Jesus ocorreu antes da celebração judaica, que previa o sacrifício de um cordeiro em memória da libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. A morte de Cristo, segundo os evangelhos, se deu numa sexta-feira — um ajuste para que não coincidisse com a festa judaica.

Significado teológico
A teóloga explica que, na tradição cristã, Jesus passou a ser compreendido como o "Cordeiro de Deus", sacrificado para redimir os pecados da humanidade. “Essa interpretação está nos evangelhos, principalmente no de João, e nas Cartas de São Paulo, que afirma que Cristo foi imolado como verdadeira Páscoa”, pontua Ana Beatriz.
Esse ato, segundo a fé cristã, rompe com antigas práticas religiosas ao apontar que o sofrimento e morte de um homem — Jesus — foram necessários não apenas para libertar um povo de uma escravidão física, mas para conduzir a humanidade da condição de pecado para o amor e a salvação.

Ritos da Sexta-feira Santa
Na liturgia católica, a Sexta-feira Santa é o único dia do ano em que não há celebração da missa. Em seu lugar, é realizada uma ação litúrgica especial, com leitura da Paixão, adoração da cruz e distribuição da Eucaristia consagrada na Quinta-feira Santa.“O simbolismo da ausência da missa está diretamente ligado ao luto. A Igreja entra em luto na quinta-feira à noite, e permanece assim até a Vigília Pascal, no Sábado Santo”, explica Ana Beatriz. O cardeal Orani João Tempesta destaca que a celebração começa em silêncio. “Não há procissão de entrada. O celebrante se prostra diante do altar, enquanto os ministros se ajoelham. Após um momento de silêncio, inicia-se a oração do dia”, afirma.
Durante a adoração da cruz, os fiéis expressam sua devoção de diferentes formas. “Na tradição latina, há muito simbolismo: as pessoas beijam, tocam, se ajoelham. Já na Europa, é comum apenas uma reverência com a cabeça ou uma genuflexão. Cada cultura expressa esse momento à sua maneira”, comenta Ana Beatriz.

Por que não se come carne?
O jejum e a abstinência também são orientações da Igreja para esta sexta-feira. A prática, prevista pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recomenda moderação nas refeições e abstinência de carne vermelha como forma de penitência.
O peixe, muitas vezes presente nas refeições do dia, tem forte simbolismo cristão. Além de ser considerado um alimento simples, aparece em passagens bíblicas marcantes, como o milagre da multiplicação dos pães e peixes. Em grego, a palavra “peixe” (ichthys) é um acrônimo para “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”.

Tradições e sincretismo
A data também é marcada por manifestações populares como as encenações da Via Sacra — que representam os últimos passos de Jesus até a crucificação. “O tom da tradição é de austeridade, silêncio e contemplação. É um momento de lembrar que uma pessoa morreu — o líder máximo do cristianismo”, frisa Ana Beatriz.
Mas o simbolismo da Páscoa transcende as religiões cristãs. “Religiões de matriz africana como umbanda, candomblé e batuque celebram o renascimento espiritual nessa época. Muitas vezes, fazem festas para Oxalá, orixá sincretizado com Jesus Cristo”, destaca a teóloga.
Mesmo dentro do próprio cristianismo, há variações. “Para os espíritas, a ressurreição é interpretada como evolução espiritual. Eles não têm rituais litúrgicos específicos, mas veem esse momento como símbolo de renovação interior”, completa.

Feriado nacional
A Sexta-feira Santa é feriado religioso no Brasil desde a colonização portuguesa. Embora o país seja oficialmente laico, a tradição cristã permanece como parte da identidade cultural da população. Segundo a Lei 9.093/1995, a data é reconhecida como feriado por sua relevância religiosa.
“Mesmo em um estado laico, a legislação respeita aquilo que faz sentido para o povo. A Sexta-feira Santa é um marco cultural e religioso para milhões de brasileiros”, afirma Ana Beatriz.
A teóloga conclui que a Semana Santa é uma oportunidade de renovação que pode ir além da religião. “É um tempo de olhar para dentro, repensar nossas atitudes e nossa realidade social. Pode ser um ponto de partida para mudanças individuais e coletivas.”

Fonte: Agência Brasil




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Postado por Rafaela Melo, no dia 18/04/2025 - 10:13


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