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Opinião


O preço do sangue: os hospitais regionais de Minas e a tragédia de Brumadinho



Foto: Arquivo Jornal CORREIO


Hospital Regional em Lafaiete

Alexsandra Barbosa Gabriel
Jornalista

A poeira ainda nem baixou sobre as lembranças de Brumadinho. É fato. É só ir lá para ver. Eu fui. O tempo passa, mas as feridas seguem abertas, sangrando na memória dos que ficaram. Há pouco mais de cinco anos, o rompimento da barragem do Córrego do Feijão levou vidas, devastou famílias e escancarou a negligência com que tantas vezes se lida com a segurança e a vida humana. Hoje, um capítulo novo e amargo se desenha nesse enredo de dor: o dinheiro da indenização da Vale, punida pela tragédia, financia a construção de hospitais regionais em Minas Gerais.

O estado, carente de infraestrutura hospitalar, recebe esse investimento como um alívio. Mas há um preço que não se pode esquecer: é dinheiro manchado de sangue. Sangue de inocentes, de trabalhadores, de meninos e meninas que jamais voltarão para casa. Em Conselheiro Lafaiete, um dos municípios contemplados com um hospital regional, a população vai acompanhar a movimentação das máquinas e o início das obras. No entanto, não há como ignorar o fato de que cada tijolo, cada parede erguida, só é possível porque Brumadinho chorou.

A tragédia, que poderia ter sido evitada, se transforma agora em legado, mas não por escolha das vítimas. Os hospitais representam um avanço inegável para a saúde pública, mas a origem dos recursos que os viabiliza carrega consigo uma dívida impagável: a vida dos 272 mortos, ceifados pelo descaso e pela ganância.

A história desses hospitais precisa ser contada com toda a sua verdade. Não são apenas prédios modernos, leitos e equipamentos de ponta. São monumentos à tragédia. São lembranças concretas de que o desenvolvimento não pode ser sustentado pela destruição. O sangue de Brumadinho não pode ser esquecido. Ele está ali, misturado ao cimento das novas construções, como um grito silencioso pedindo que a história não se repita.

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Postado por Rafaela Melo, no dia 05/04/2025 - 17:20


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