Foto: Divulgação
O período de férias escolares, entre a segunda quinzena de dezembro e o início de fevereiro, é conhecido por um aumento nos acidentes envolvendo crianças e adolescentes. Essa realidade foi vivida de forma dolorosa pela técnica de segurança do trabalho Milene Márcia Ferreira, de Barbacena, que precisou levar a filha Mickaelly, de 7 anos, ao hospital após um grave acidente em pleno Natal.
A menina brincava de pique-esconde com o irmão, de 4 anos, quando trombou com o namorado da mãe, que carregava uma panela de óleo fervendo. O impacto resultou em queimaduras de primeiro e segundo graus, levando Mickaelly a ser transferida, no dia 30 de dezembro, para o Hospital João XXIII (HJXXIII), em Belo Horizonte, referência no atendimento de queimaduras e politraumas em Minas Gerais.
“Mesmo aumentando os cuidados com as crianças nas férias, esse acidente foi inevitável”, lamenta Milene, que reforça a importância da supervisão constante nesse período de maior vulnerabilidade.
Números preocupantes
Os dados do HJXXIII revelam a gravidade da situação: apenas nos dois últimos anos, o hospital atendeu 1.602 crianças e adolescentes com idades de até 19 anos, vítimas de diversos tipos de acidentes. Durante o período entre 16 de dezembro de 2024 e 1º de janeiro de 2025, foram 242 atendimentos em apenas 17 dias, uma média de 14 casos por dia.
Segundo o pediatra André Marinho, coordenador do setor de Trauma Pediátrico do HJXXIII, 50% dos acidentes com crianças de 2 a 15 anos ocorrem dentro de casa. “A prevenção é o único caminho possível. Criar ambientes seguros e manter vigilância constante são atitudes essenciais”, alerta.
Os perigos escondidos dentro de casa
Crianças têm imaginação fértil e veem objetos cotidianos como parte da brincadeira, o que aumenta o risco de acidentes graves. Entre os casos mais comuns estão ingestão de corpos estranhos, quedas, intoxicação por substâncias perigosas e cortes com objetos perfurocortantes.
“A cozinha é um dos locais mais perigosos. Facas, panelas no fogão e garrafas PET contendo produtos tóxicos são armadilhas frequentes. Produtos de limpeza, principalmente os coloridos, podem parecer atraentes para as crianças e causar danos graves se ingeridos”, explica a pediatra Regina Eto, com 30 anos de experiência no HJXXIII.
Fora de casa, os riscos continuam
Em ambientes externos, quedas de alturas, contato com animais peçonhentos e afogamentos são os acidentes mais comuns. O descuido em piscinas, cachoeiras e lagos é uma das principais causas de fatalidades.Regina reforça que, em locais com piscina, é fundamental verificar se o acesso é bloqueado e manter supervisão constante. Para cada duas a quatro crianças, deve haver pelo menos um adulto responsável, dependendo da idade dos pequenos.Brinquedos em parques e outros espaços de lazer também precisam ser inspecionados antes do uso, pois podem apresentar ferrugem, peças soltas ou animais perigosos escondidos.
Prevenção salva vidas
A trágica experiência de Mickaelly é um alerta para pais e responsáveis. Prevenir acidentes é mais do que uma medida de cuidado; é uma atitude de amor que pode salvar vidas. Criar um ambiente seguro e supervisionar constantemente as crianças são passos essenciais para que as férias sejam marcadas por momentos felizes e não por tragédias.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 13/01/2025 - 07:20