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Cultura


Em Lafaiete e região, Folia de Reis resiste como símbolo de tradição e fé



Foto: Mauro Dutra de Faria/ Arquivo Jornal CORREIO


Folia de Santos Reis e São Sebastião do Maracujá

Pelas estradas de Minas Gerais, a tradição da Folia de Reis se mantém viva, preservando uma rica história de fé, cultura e identidade. Em Conselheiro Lafaiete, mais especificamente no distrito de Mato Dentro, a manifestação cultural encontra sua expressão mais autêntica. É lá que lideram um cortejo cheio de alegria, com caixas, violas e sanfonas, em honra aos Reis Magos e ao Menino Jesus, acompanhado de cantos e rezas. A celebração se espalha por várias localidades da região, incluindo Casa Grande, onde novos adeptos aderem à tradição, e Queluzito, onde a bandeira da Folia é erguida em homenagem aos santos. No Vale do Piranga, em Santana, as melodias das violas e sanfonas da Escola de Violeiros ecoam junto à Estrela do Oriente. Em Lamim, com seus nove grupos de Folias de Reis, o mestre Geraldinho é um dos principais guardiões dessa rica manifestação cultural. O percurso culmina em Catas Altas da Noruega, palco de um grande encontro anual que celebra a força e a beleza da Folia de Reis.

A tradição dos Reis Magos
Entre os meses de dezembro e janeiro, os foliões percorrem vilas e casas, levando alegria e arrecadando esmolas para o Menino Jesus, simbolizando os presentes dados pelos Reis Magos. A origem dessa tradição remonta a Portugal, onde as "Janeiras", semelhantes às Folias de Reis, eram cantadas para arrecadar doações para os mais necessitados.O folclorista Afonso Furtado explica que as Folias de Reis têm suas raízes na Alta Idade Média, inspiradas nos autos litúrgicos encenados nas catedrais europeias, conhecidos como Officium Stelae. Com o tempo, essas representações passaram a ser feitas nas praças e ruas por grupos populares e, no Brasil, foram trazidas pelos jesuítas no século XVI, como parte do processo de catequização.

A Viola: coração da tradição
A viola é o instrumento que comanda a Folia de Reis. Chico Lobo, compositor e violeiro, destaca a importância da viola, que se enraizou no sertão brasileiro e se tornou essencial para a manifestação. "Sem a viola, a Folia perde sua essência. Há quem diga que uma Folia sem viola não tem alma", afirma Lobo.Além de sua importância musical, as fitas coloridas que adornam as violas e as bandeiras representam a devoção e a conexão com o sagrado, sendo elementos simbólicos que aprofundam o significado espiritual da festa.

Preservação e significado cultural
No Alto Vale do Piranga e em outras regiões do Brasil, a Folia de Reis se mantém como um dos maiores símbolos de nossa identidade cultural. Locais como Santana dos Montes, Lamim, Mato Dentro e Catas Altas são verdadeiros santuários dessa tradição. Visitar essas localidades é uma oportunidade de se conectar com um Brasil autêntico e de ajudar a preservar esse patrimônio imaterial, resistindo à cultura globalizada.José Geraldo, agente cultural e pesquisador do Alto Vale do Piranga, sintetiza o espírito dessa celebração: "A Folia de Reis é mais do que uma tradição. Ela é um ato de fé e resistência, uma ligação com as raízes mais profundas de nossa identidade."

Queluzito – Folia de Santos Reis e São Sebastião do Maracujá
Um dos grupos mais significativos da Folia de Reis de Minas Gerais é o da Folia de Santos Reis e São Sebastião do Maracujá, de Queluzito, registrado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) como parte do conjunto das Folias de Minas. Fundado em 1939 por Acácio José da Silva, o grupo celebra 86 anos de história. Ao longo de sua trajetória, participou de diversos festivais regionais e foi tema de uma reportagem no programa Terra de Minas, da Rede Globo Minas.Com cerca de 16 integrantes, o grupo conta com personagens como o Capitão, os Reis, os Palhaços e os Bastões, além de instrumentos como viola, violão, sanfona, caixa (tambor), pandeiro e cuíca. Atualmente, é liderado por Firmino Teodoro, que dá continuidade à tradição com dedicação.

Fonte: José Geraldo Dutra
Agente Cultural





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Postado por Rafaela Melo, no dia 06/01/2025 - 09:35


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