foto: arquivo jornal CORREIO
Chuvas intensas, calor extremo e um cenário que favorece o avanço da dengue. Minas Gerais enfrenta os desafios impostos pelas mudanças climáticas, que contribuem para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Após viver a pior epidemia da sua história no início de 2024, o Estado se prepara para enfrentar um novo período crítico nos próximos meses.
Conforme o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado em 18 de novembro, o Estado registrou 1.091 mortes e 1.340.980 casos confirmados de dengue em 2024. Apesar de uma queda nos casos desde maio, especialistas alertam para a possibilidade de um novo aumento, especialmente com a circulação de um sorotipo do vírus que pode causar casos mais graves.
O impacto do clima no ciclo da dengue
As mudanças climáticas estão diretamente relacionadas ao aumento da dengue. Temperaturas elevadas aceleram o ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti, reduzindo o tempo necessário para que as larvas se tornem mosquitos adultos. A bióloga Fernanda Raggi Grossi explica que, em água com temperaturas acima de 30°C, o período de incubação das larvas pode ser reduzido para apenas três dias.
Além disso, as chuvas torrenciais criam novos focos de água parada, principalmente em áreas urbanas com baixa permeabilidade do solo. "Os alagamentos comuns nessas situações ampliam os pontos de reprodução do mosquito, favorecendo a infestação em novas áreas", destaca a especialista.
Sorotipo 3 em ascensão e risco de casos graves
A circulação do sorotipo 3 da dengue preocupa as autoridades de saúde. Embora o tipo 1 ainda seja o mais comum em Minas Gerais, o aumento do sorotipo 3, que não circulava amplamente desde os anos 2000, traz um risco maior de complicações. Segundo o infectologista Leandro Curi, o sorotipo 3 encontra grande parte da população sem imunidade, o que pode levar a um novo pico de casos.
“Infecções repetidas por diferentes sorotipos aumentam as chances de quadros graves, como a dengue hemorrágica. Isso reforça a necessidade de um manejo clínico eficiente para evitar óbitos”, explica Eduardo Prosdocimi, subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG.
Vacinação avança lentamente
Desde fevereiro de 2024, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos têm acesso à vacina contra dengue na rede pública, mas a adesão está abaixo do esperado. Em Belo Horizonte, por exemplo, a cobertura vacinal da primeira dose é de apenas 32%, e da segunda, de 10,85%.
A vacina Qdenga, produzida pelo laboratório Takeda, também está disponível na rede particular por cerca de R$ 350 por dose, mas o alto custo limita sua abrangência. Para 2025, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 9,5 milhões de doses, dobrando a quantidade disponibilizada em 2024.
Enquanto isso, o Instituto Butantan trabalha em uma vacina nacional, ainda em fase de aprovação pela Anvisa. "A vacinação é uma solução de médio a longo prazo. No curto prazo, o controle do mosquito depende do engajamento da população", ressalta Prosdocimi.
Prevenção ainda é a melhor arma
Com 80% dos focos de água parada localizados dentro das casas, a responsabilidade individual é crucial para evitar uma nova epidemia. Pequenas ações, como eliminar recipientes que acumulam água e manter caixas d’água fechadas, podem fazer a diferença.
"Se cada pessoa dedicar dez minutos por semana para verificar possíveis criadouros, podemos reduzir significativamente os riscos", conclui o subsecretário.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 04/12/2024 - 12:20