Fotos: Aquiles Trevizani/ leitor
Os escorpiões podem ser vistos andando pelos muros do cemitério Nossa Senhora da Conceição
Há mais de 30 anos, moradores do bairro Queluz, em Lafaiete, enfrentam um problema silencioso, porém, ameaçador. Os escorpiões, que se proliferam a partir do cemitério Nossa Senhora da Conceição, colocam em risco a saúde de centenas de pessoas, que vivem e circulam nas proximidades. Aline Maria Campos mora na rua Felipe Camarão há 12 anos, bem perto do cemitério, e conhece bem a questão. Bióloga e especialista em gestão ambiental, ela relata que a presença de escorpiões é bastante comum durante a época de reprodução: “Neste período, encontro muitos deles, de todos os tamanhos e cores, mais escuros e marrons. Os vizinhos também são surpreendidos com esses animais peçonhentos”, explica.
De acordo com a bióloga, a reprodução acontece justamente nesta época de seca: “Este é um mês no qual o cuidado precisa ser redobrado. Tenho bicho de estimação e criança em casa. A preocupação é enorme. Mas, mesmo com todos os cuidados, aparecem escorpiões, principalmente em gretas, sob algum objeto, como tapetes. A proliferação prossegue até outubro”, frisa.
Outro morador, Hermano José Eustáquio Chaves, conta que é comum encontrar escorpiões, em espaços como a garagem, principalmente à noite: “A gente consegue ver muitos no muro do cemitério. Ficam aos montes. Temos um produto e usamos com muita frequência para evitar a presença deles. Já fui picado e precisei ser atendido na Policlínica. A dor da picada é insuportável”. Hermano pondera que, com as últimas ações de limpeza e manutenção do cemitério, a situação foi amenizada, mas não cessou por completo.
A dona de casa Maria do Carmo Correia, que reside na rua Monsenhor Horta há 30 anos, já matou vários escorpiões e até seu cachorro já foi picado: “Eles estão por aqui o ano todo, especialmente em dias quentes. Ninguém dorme direito, com medo”, lamenta. Já Mariane Batista Pereira, que mora na rua 2 de Novembro, ainda se recupera de um susto recente: “Há alguns dias, encontrei um escorpião atrás de um móvel. Não foi a primeira vez. A situação assusta bastante, pois sabemos da gravidade de ser picado”, declara.
Os relatos são apenas uma amostra de todo o temor que faz parte do cotidiano de inúmeros moradores. Os depoimentos são recorrentes no Queluz, de pessoas que encontram escorpiões em casa, daqueles que já foram picados e tiveram de passar a noite na Policlínica, para receber o soro antiescorpiônico (que está disponível apenas nos hospitais de referência do SUS).
Embora já tenham sido feitos inúmeros apelos, ao longo das últimas décadas, às autoridades municipais e à administração do Cemitério, o fato é que o local continua sendo o epicentro do problema. Enquanto não aparece a solução definitiva, a população faz o que pode. Algumas medidas são fundamentais, como fazer a limpeza regular dos quintais, utilizar produtos disponíveis no mercado para reduzir a proliferação e sempre observar lugares que possam abrigar os escorpiões, como montes de entulhos, cantos e frestas e locais úmidos e escuros.
Em caso de picada, a recomendação é procurar imediatamente a Policlínica Municipal, em Lafaiete, ou um hospital de referência do SUS. Para um socorro mais preciso, é importante levar o animal (capturado ou morto) ou uma foto, para identificação da espécie. Durante o atendimento, o profissional de saúde avaliará a necessidade de utilizar o soro.
Logo após a picada, a vítima costuma ter dor. O local afetado apresenta vermelhidão e inchaço. Em crianças, os sintomas podem ser mais intensos e os riscos são maiores. Por isso, é fundamental buscar o imediato atendimento médico.
Um oficio foi enviado à administração do Cemitério Nossa Senhora da Conceição, mas até o fechamento desta edição não havíamos obtido reposta.
A moradora Aline Maria Campos comenta: “A presença de escorpiões é bastante comum nesta época
Outro morador, Hermano José Eustáquio disse que já foi picado
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Postado por Rafaela Melo, no dia 05/08/2024 - 17:39