Foto: Marcelo Casall/Agência Brasil
Profissionais da saúde pública, suplementar e corporativa estão preocupados com um crescimento alarmante nos afastamentos por transtornos de saúde mental, que aumentaram 38% nos últimos anos. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, o número de benefícios concedidos por incapacidade devido a transtornos mentais e comportamentais saltou de 209.124 em 2022 para 288.865 no último ano. Esse aumento também se reflete em pesquisas recentes que indicam um risco elevado de distúrbios mentais entre os trabalhadores brasileiros, com 48% suscetíveis a problemas de saúde mental e 44% enfrentando insônia.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), aproximadamente 300 milhões de pessoas globalmente sofrem de depressão, sendo que no Brasil 5,8% da população, ou 11,7 milhões de pessoas, são afetadas por essa condição. Este dado posiciona o país como o segundo com maior prevalência de depressão, atrás apenas dos Estados Unidos. O setor de saúde suplementar também enfrenta um aumento significativo nas internações relacionadas à depressão e ansiedade. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o percentual de beneficiários de planos de saúde diagnosticados com depressão subiu de 11,1% para 13,5% entre 2020 e 2023. Especificamente entre os jovens de 18 a 39 anos, houve um crescimento alarmante de casos, refletindo os desafios adicionais trazidos pela pandemia de COVID-19.
Pesquisas recentes, como o estudo "People at Work 2023" do ADP Research Institute, destacam que há uma crescente abertura para discutir saúde mental no ambiente corporativo. Globalmente, 64% dos trabalhadores afirmam poder falar abertamente sobre sua saúde mental, enquanto no Brasil esse número é de 63%. No entanto, ainda há uma parcela significativa de trabalhadores que sentem falta de preparo por parte de gestores e colegas para abordar o tema sem julgamentos.
Especialistas apontam diversos fatores que contribuem para o aumento dos afastamentos relacionados à saúde mental. A carga de trabalho intensa, prazos apertados e ambientes competitivos são citados como desencadeadores comuns de transtornos mentais. Além disso, a pandemia exacerbou esses problemas, adicionando isolamento social, incerteza econômica e mudanças no formato de trabalho como estressores adicionais.
Diante desse cenário preocupante, há um consenso entre os especialistas de que as empresas precisam adotar uma abordagem mais proativa em relação à saúde mental de seus colaboradores. Programas de bem-estar no local de trabalho, treinamento para lideranças sobre reconhecimento de sinais de estresse e ansiedade, e uma cultura que valorize o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são essenciais. Além disso, é crucial desfazer o estigma associado aos transtornos mentais, incentivando os trabalhadores a buscar ajuda sem receios.
Em suma, o aumento nos afastamentos por transtornos de saúde mental é um alerta para a necessidade urgente de políticas organizacionais mais inclusivas e de suporte efetivo aos colaboradores. Priorizar a saúde mental não apenas beneficia os indivíduos, mas também promove ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. As empresas têm um papel fundamental em criar um ambiente onde a saúde mental seja uma prioridade e onde todos os colaboradores se sintam apoiados e respeitados em suas jornadas pessoais e profissionais.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 29/07/2024 - 19:20