Foto: divulgação
Toma de Minas a estrada... Na antiga Queluz de Minas vá ao Mato Dentro. Lá chegando procure por Nonô, nosso herói local da Folia de Reis. Se acaso ouvir um bater de caixas, com violas e sanfonas, a acompanhar um santo canto ao menino Jesus, lá estará Nonô á frente da função de rezas e cantos aos Santos Reis Magos. Siga com ele á Casa Grande onde alí ele também faz sua função e na volta passe por Queluzito e carregue a bandeira. Desça o Vale do Piranga. Passe por Santa Ana e se faça acompanhar pela Estrela do Oriente, suas violas da Escola de Violeiros e suas sanfonas. Junte-se ao nosso herói local o Geraldo da Folia. Vamos pra Lamim. Patrimônio das terras do Divino Espírito Santo, vamos bater na porta de senhor Geraldinho, daremos honra a esse mestre incansável. Lamim tem 9 grupos de Folias de Reis. Em seguida vamos conhecer as Folias vizinhas de Catas Altas da Noruega em seu fantástico encontro mineiro anual. Festa de Santos Reis...
De casa em casa, devoto a devoto, as Folias de Reis vão desde inicio de dezembro a meados de janeiro a fazer sua função. Vão arrecadar uma esmola pra o Menino Jesus na referencia ao presentes trazidos pelos Reis Magos. Em Portugal, em tempos medievais, são as Janeiras (Folias de lá) que vão fazer a função nas casas mais abastadas (em épocas de grande carestias pedir esmolas para os necessitados) e fazer o CANTE ao MENINO.
O Jornal CORREIO ouviu o folclorista fluminense Afonso Furtado. Inspiradas nos grupos de artistas mambembes da Europa Medieval, segundo ele “as Folias procedem na alta Idade Média dos Autos ou Dramas litúrgicos medievais, encenados nas missas de reis das catedrais europeias. Esses dramas, denominados Oficium Stelae, foram popularizando, passando a ser representados por grupos populares nas praças e ruas. Com a concepção do presépio por São Francisco de Assis, este foram instalados nas casas das pequenas cidades e no meio rural. Assim, essas representações populares alcançaram este espaço”. A chegada da Folia á colônia Brasilis tem sua versão mais aceita, aquela que diz das arrumações jesuítas já no século XVI, para uso em sua obra de catequização. São Gonçalo faz parte da Folia de Reis. Mas partiu para carreira solo em disputa com Santo Antônio nas querenças casamenteiras. Certo que o santo é violeiro e temos as fitas sacras do enfeite das violas uma tradição muito ligado a ele.
O compositor violeiro Chico Lobo, trás nas fitas coloridas católicas de sua viola, a alma de sua voz. E a voz violeira nasce na folia de Reis de São João Del Rey onde acompanhava desde menino, seu pai Aldo Lobo. Falando ao Correio da Cidade, Chico diz que “A viola acaba comandando isso, (predominando nas Folias de Reis) porque foi o instrumento que se enraizou no sertão, depois que ela se afasta da corte. E como essas tradições ganharam força no Brasil profundo elas acabam tendo a viola como o instrumento principal. A quem diga que folia sem a viola é capenga”, diz Chico.
No Alto Vale do Piraga de Minas ou no nordeste onde se as Folias são chamadas de reizados, reina essa rica tradição de nosso mais puro patrimônio cultural brasileiro, raiz. Visitar esses lugares (Santana, Lamim, Catas Altas, Mato Dentro, Casa Grande e rincões demais sagrados de Minas, pode ser uma boa oportunidade, de a um só tempo deixar de consumir uma cultura importada, vazia, conectada pelo web mundo consumista e nos ajudar a continuar essa tradição cultural... Em nome dos Santos Reis.
José Geraldo é agente cultural em Santana dos Montes e pesquisador das histórias e encantos do Alto Vale do Piranga.
Folia de Reis Estrela do Oriente
O violeiro Chico Lobo: Folia na raiz de sua obra
Nonô e sua Folia do Mato Dentro, (Cons Lafaiete)
Folia de Reis do Maracujá é Patrimônio Cultural Imaterial (Registro) da cidade de Queluzito. Está sob os cuidados do capitão Firmino.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 06/01/2024 - 19:20