Fotos: Divulgação
Em Monsanto e Ponte de Lima o patrimônio cultural preservado é base para o turismo, ainda em desenvolvimento em Santana dos Montes, nossa Villa e suas Fazendas
Toma da terrinha os caminhos, oh pá! Que ora pois, como diria Camões, navegar é preciso. Vamos desta feita dar um pulinho em duas pequenas cidades de Portugal: Monsanto, na Região da Beira Interior, a 275 km a leste de Lisboa, com 829 habitantes, e Ponte de Lima, na Sub-região do Alto Minho, a 392 km ao norte de Lisboa, com 2.871 habitantes. Ali, nas terras del Rey, o turista é tratado como...rei. Num país encantado, de onde veio nossa história colonial, se encanta o visitante com o amor que os portugueses hoje dedicam a preservar suas (nossas) raízes.
É da cultura do Velho Mundo a boa gestão (estratégica) de desenvolvimento social... De uma combalida e desleixada Portugal dos anos 1990, surgiu um país onde salta aos olhos a seriedade e o controle dos investimentos com recursos para turismo e preservação do patrimônio vindos da União Européia, visíveis também nas terras interioranas do país de Camões.
As implicações para a indústria do turismo saltam aos olhos (melhor, promovem riquezas): um modelo de turismo nos roteiros lusos, onde o profissionalismo na estruturação para receber, informar e dar conforto é partilhado pela seriedade e competência dos agentes públicos e privados (coisa tão ausente por aqui).
Dessas histórias nos dão conta o casal Anamaria e José Maria Medina. Ele, argentino de Buenos Aires, ela mineirona de Formiga “radicados” em Santana dos Montes (onde são precursores das ideias de preservação e do circuito de turismo). Eles aportaram aqui com larga experiência em desenvolvimento social, enquanto técnica e diretor da Fundação João Pinheiro e consultores do SEBRAE para desenvolvimento de pequenas cidades. É das mais de 15 viagens a Portugal e Espanha (de suas vivências e experiencias) que nos relata o casal, nisso fazendo critica e reflexão de quanto ainda devemos trabalhar para desenvolver nosso turismo eco/histórico aqui.
Na pequena Monsanto, uma das aldeias consideradas mais bonitas de Portugal, de apenas 829 habitantes, um hotel escola para os alunos da Faculdade de Turismo da vizinha cidade de Castelo Branco é modelo e dele se tem uma bela vista da aldeia. Ela está impecavelmente cuidada e em cada canto a história te pede um mergulho, uma atenção mais acurada, mais fotos para registrar essa imersão, inclusive na Igreja Matriz e na da Misericórdia, na Torre de Lucano (ou do Relógio), no Castelo de Penha Garcia e no Parque Florestal de Monsanto.
Já em Ponte de Lima a arquitetura, também religiosamente preservada, tem a Igreja Matriz, a ponte romana e medieval, o Museu do Brinquedo Português e é parte do Caminho de Santiago de Compostela. Na antiga Cadeia das Mulheres hoje está o Centro de Informações Turísticas.
Nas duas, a história milenar de Portugal divide espaço com a modernidade. Ruas e castelos de pedra lembram suas origens dos romanos no apogeu do império, da idade média e de traços católicos e mouros, o renascimento, o despertar para o mundo moderno.
E nós, como estamos cuidando de nosso patrimônio cultural, edificado, ou das tradições de forma geral? Como se preparam as pequenas cidades do Circuito Villas e Fazendas de Minas para fazer frente ao declínio geral (falência) de nosso sistema agrícola tradicional?
No sentido de se estruturar, e se destacar como destino turístico, a cidade de Santana dos Montes, trabalhando ao longo dos últimos 20 anos, hoje é única em Minas Gerais, com suas fazendas e hoteis históricos (alguns com tombamento municipal e estadual) e um núcleo urbano histórico bem preservado, também com tombamento municipal e estadual. Mas falta muito. Muito ainda para que este destino se torne modelo adequado para receber e gerar um desenvolvimento democrático para sua população, por meio do turismo. Podemos nos informar e nos espelhar na seriedade com que a União Europeia trata de gerar renda pelo patrimônio e pelo turismo. Embora Santana dos Montes esteja melhor aparelhada em termos de hospedagem que outras cidades da região, aí ainda há um amplo espaço para desenvolvimento, por exemplo, do setor de alimentação e artesanato.
Por José Geraldo
Agente cultural em Santana dos Montes e pesquisador das histórias e encantos do Alto Vale do Piranga
Colaboraram Anamaria Medina e José Maria Medina, sociólogos, proprietários do Hotel Solar dos Montes e moradores de Santana dos Montes.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 17/11/2023 - 13:30