Crise na 123milhas lesa, pelo menos, cinco clientes em CL

Foto: arquivo jornal CORREIO

Pelo menos cinco lafaietenses tiveram seus planos de viagem estraçalhados pela crise na empresa 123milhas. À frente do Procon de Lafaiete, a advogada Mariana Rafaela de Oliveira Mendes explica que o órgão vem procedendo à notificação da empresa de acordo com o artigo 35 do Código de Defesa do Consumidor. Mas a tendência, até pela magnitude do problema, é de que não se trate de uma solução rápida: “O cliente possui o direito de receber a restituição do valor pago, com atualização monetária e reparação de danos. Ressaltamos que a escolha da solução cabe ao consumidor, sendo que a empresa não pode impor exclusivamente a devolução em forma de voucher”, alerta.

Com pedido de recuperação judicial aprovado no dia 31 de agosto, a agência de viagens HotMilhas, controlada pela 123milhas, e a Novum Investimentos, sócia da empresa, precisam apresentar um plano de recuperação no prazo "improrrogável" de 60 dias, contados a partir da publicação da decisão, sob pena de decretação de falência. A decisão também prevê que o plano de recuperação judicial deve conter medidas de reparação aos credores pelos danos causados em todo território nacional – e são mais de 700 mil, segundo levantamento. Em sua maioria, clientes.

Para quem foi pego de malas prontas, não tem sido fácil assimilar o impacto. O fotógrafo lafaietense Richard Jr Gonçalves da Silveira, 25 anos, viajaria no dia 1º de setembro. Contratado para registrar o casamento de um noivo brasileiro com uma italiana, ele já ultimava os detalhes da viagem quando foi informado, por mensagens, que não embarcaria na data programada. “Fechei a compra no dia 21 de fevereiro, e menos de 10 dias antes da data da viagem, recebi um e-mail comunicando que as passagens haviam sido canceladas”, conta.

A solução apresentada para ele foi, justamente, a emissão de vouchers, como citado pela gerente do Procon. Mas nem esse caminho funcionou: “O que acontece é que a 123milhas não quer devolver esse valor. Estavam tentando fazer com que a gente pegasse vouchers de valores menores, que não podem ser usados juntos. Para juntar e emitir uma passagem seria preciso ir a Belo Horizonte, mas a situação no escritório da empresa estava um caos. Havia várias pessoas indo reclamar e até a polícia foi chamada. Depois disso, encerraram o atendimento presencial”, lamenta.

Foram gastos R$ 4.209,98 com as passagens de ida (1º/09) e volta (20/09), mas o prejuízo maior, no caso, tem pesado no bolso do noivo, que além de arcar com esses custos da viagem do fotógrafo para a Itália havia usado o mesmo sistema para comprar as passagens da própria família, que prestigiaria o casamento: “O Joab é brasileiro, mas mora lá há 10 anos. A viagem vai acontecer. Não é uma opção cancelar, porque o casamento será no dia 12 e não haveria como contratar outro fotógrafo - ou a família dele não ir. Se a 123milhas não resolver, ele vai ter que acabar comprando outras passagens. Só da família dele seriam cinco pessoas. Diante desse prejuízo não programado, ele está até fazendo uma ‘vaquinha’ na internet, para arrecadar esse dinheiro”, pontua.

O caso, agora, está nas mãos da justiça e uma advogada tenta resolver o impasse que já causa um grande desgaste emocional em todos: “Talvez a gente consiga sim recuperar o valor das passagens, mas não vai ser de forma rápida. De toda forma, a gente fica com esse prejuízo, esse susto, essa sensação de não ter o controle. Isso abalou a família toda e eu também fiquei superpreocupado. Ainda mais para algo tão importante, que é um casamento”, desabafa.

Conheça o trabalho do fotógrafo no Instagram @richardsilveira.

O fotógrafo lafaietense Richard Jr Gonçalves da Silveira viajaria no dia 1º de setembro