Fotos: Divulgação
No mês de maio, o Grupo Maria Cutia de Teatro segue em turnê do espetáculo “Auto da Compadecida” e chega, pela primeira vez, a Conselheiro Lafaiete no dia 27 de maio, sábado, às 19h30, no Teatro de Arena (Praça Santo Cristo / Santa Efigênia). Com trajetória de quase 20 anos, a premiada companhia de Belo Horizonte – que já percorreu seis países e todas as regiões do Brasil – traz ao público da cidade mineira uma releitura do texto de Ariano Suassuna, com direção e concepção geral do célebre diretor Gabriel Villela.
“Faz muito tempo que a gente não realiza uma turnê grande com o Auto da Compadecida”, conta o ator e fundador da trupe, Leonardo Rocha. O espetáculo estreou em 2018, porém, com a pandemia foi preciso cancelar a participação em diversos festivais no Brasil. “É um espetáculo muito bonito visualmente, muito popular, não só pelo texto, mas pela encenação, e a gente é um grupo que gosta de viajar e conhecer pessoas”, diz.
“Muitas vezes as pessoas ficam sabendo da peça porque passam pela praça. E esse encontro não programado é muito saboroso, porque a gente conhece gente que talvez não fosse assistir ao Maria Cutia, se não fosse pelo acaso, que só o teatro de rua pode proporcionar e que dá ainda mais sentido”, comenta a atriz e fundadora do grupo Mariana Arruda.
Inspirado na abordagem mítica brasileira do famoso anti-herói ou herói sem caráter, em “Auto da Compadecida”, o Maria Cutia narra as aventuras picarescas de João Grilo e Chicó que começam com o enterro e o testamento do cachorro do Padeiro e de sua Mulher e acabam em uma epopeia milagrosa no sertão envolvendo o clero, o cangaço, Jesus, Maria e o Diabo. “Desde o início, a ideia era fazer um espetáculo para a rua”, explica Leonardo. Quando a peça começou a circular, o ator relata que a maioria dos festivais eram praticamente no formato palco. “Tem uma coisa na poética do grupo que é ser essencialmente de rua. A gente nunca faz um espetáculo pensando que vai ser só palco. E como durante esta turnê só vamos apresentar em espaços ao ar livre, a expectativa está grande por aqui”, revela.
Na versão mineira, o público entra em contato com o universo barroco, expresso no cenário e nos figurinos criados pelo diretor Gabriel Villela. Outro aspecto que ganha força com a adaptação do Maria Cutia é o acento em temas já abordadas na obra de Suassuna, como o racismo, a ganância, a exploração da fé alheia.
Com pitadas de ironia, o trabalho pode ser enquadrado no gênero cênico-musical-picaresco que confere ao texto de Suassuna um ar brechtiano. O olhar político (sem didatismo ou partidarismo) do espetáculo, desprendido do enredo criado pelo célebre autor paraibano, traz outra camada à obra, aproximando Suassuna de acontecimentos da política brasileira atual.
Segundo a coordenadora de produção da companhia, Luisa Monteiro, estabelecer parcerias nas localidades e mobilizar público, são alguns dos desafios da turnê para quem está produzindo à distância, mas que também podem revelar surpresas. “Lafaiete, por exemplo, é uma cidade muito cultural. É muito bom estar em cidades que já vivenciam a experiência teatral e que possuem grupos estabelecidos. Estão aí os ganhos do ofício”. A programação do Grupo Maria Cutia em Conselheiro Lafaiete conta com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de Cultura da cidade.
Além da apresentação do “Auto da Compadecida”, o grupo oferece ainda uma oficina gratuita de teatro intitulada "Auto no Ato”, que propõe uma vivência cênico-musical com técnicas de canto e expressão vocal partindo da pesquisa feita pela trupe para a montagem do "Auto da Compadecida". A oficina é voltada para artistas, estudantes de arte, educadores e interessados em geral. “Propomos jogos de improviso com o objetivo compartilhar nossa experiência e vivência cênica enquanto coletivo, usando várias linguagens como a música, o teatro e a palhaçaria”, adianta Luisa Monteiro.
O espetáculo também será apresentado, em Barbacena, na sexta-feira, dia 26, e em Belo Vale, no domingo, dia 26. A turnê segue até agosto deste ano, passando por algumas cidades de Minas Gerais, Espírito Santo e do estado Maranhense.
FICHA TÉCNICA “AUTO DA COMPADECIDA”
Texto: Ariano Suassuna
Concepção e direção geral: Gabriel Villela
Assistente de Direção: Lydia Del Picchia
Elenco completo do espetáculo: Leonardo Rocha, Hugo da Silva, Mariana Arruda, Dê Jota Torres, Thiago Queiroz, Marcelo Veronez e Polyana Horta
Preparação Vocal: Babaya
Direção Musical: Babaya, Fernando Muzzi e Hugo da Silva
Cenário e Figurino: Gabriel Villela
Assistente de Figurino: José Rosa
Coordenação do Ateliê Gabriel Villela: José Rosa
Pintura de Arte: Rai Bento
Iluminação: Richard Zaira e Pedro Paulino (CiaTecno)
Consultoria de sonorização: Vinícius Alves
Fotografia: Tati Motta
Equipe de Produção: Lucas Prado, Aris Serranegra, Mariana Rabelo
Coordenação de Produção: Luisa Monteiro - Grupo Maria Cutia
SINOPSE
As aventuras picarescas de João Grilo e Chicó que começam com o enterro e o testamento do cachorro do Padeiro e de sua Mulher e acabam em uma epopéia milagrosa no sertão envolvendo o clero, o cangaço, Jesus, Maria e o Diabo.
GRUPO MARIA CUTIA DE TEATRO
Companhia de teatro que nasceu em Belo Horizonte, em 2006, e desde então apresenta seus espetáculos em praças, parques e ruas de Minas Gerais, do Brasil e do mundo. Nos últimos anos, aventurou-se em produções criadas para palcos e também adaptou suas obras de rua para teatros fechados.
Como frentes de pesquisa artística, o grupo trabalha com o diálogo entre música e teatro, numa investigação autoral que denomina música-em-cena. Em todos os seus espetáculos, a trilha é executada ao vivo pelos atores, em uma pesquisa que alia dramaturgia à canção.
Em 2019, o Grupo Maria Cutia estreia o espetáculo Auto da Compadecida de Ariano Suassuana com Gabriel Villela para ruas e palco. Além dessa montagem a companhia tem ativos em seu repertório 3 espetáculos de teatro de rua e de grupo (também possíveis de serem encenados em palcos de teatros), dois shows cênicos e um espetáculo de palco, solo do ator Leonardo Rocha, com direção de Eduardo Moreira.
Ao partir de diferentes linguagens - do jogo do palhaço, das máscaras expressivas, do ator brincante, do cancioneiro de Chico Buarque, dos textos clássicos da dramaturgia ou de uma dramaturgia original criada em processo colaborativo – cada espetáculo foi elaborado de uma forma distinta, mas sempre pensado com um olhar especial e atento para o seu espectador. Desta forma, o grupo busca um teatro amplo, autoral, simples e com qualidade artística, que tem em seu público o principal interlocutor nas apresentações.
Em 2011 o Grupo Maria Cutia inaugurou sua sede, a Toca da Cutia, em Belo Horizonte. O espaço, que já recebeu oficinas, ensaios abertos, espetáculos e encontros com diversos artistas nacionais e internacionais, é o ambiente de pesquisa onde a Cia desenvolve suas perscrutações estéticas sobre a música-em-cena e o teatro de rua, além das máscaras expressivas e da linguagem do palhaço. Na Toca da Cutia, acontecem também treinos e cursos de formação em palhaçaria ministrados pelos artistas do Maria Cutia.
O Grupo Maria Cutia já se apresentou em 6 países, 19 estados nacionais totalizando mais de 150 cidades brasileiras, para um público superior em mais de 400 mil espectadores em seus 13 anos de história.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 25/05/2023 - 10:00