A eleição de 1910 marcou a história do Brasil. Você sabe o motivo? Não? Então vamos lá: dos quatro primeiros presidentes eleitos pelo voto “popular”, nenhum deles teve o trabalho de fazer campanha, pois não tiveram adversários, eram candidatos únicos.
Em 1910 esse ciclo foi encerrado com a candidatura do advogado Ruy Barbosa ao cargo de presidente da república. Do outro lado, o candidato da situação era o militar Marechal Hermes Fonseca. Como Ruy era civil, a campanha foi nomeada de “Campanha Civilista”. Em discurso proferido no Senado, Ruy resumiu aquele momento: “É a primeira vez que, de fato, em uma eleição presidencial há a contenda, e o escrutínio assume a forma precisa de um pleito”.
Na pioneira excursão eleitoral do Brasil, Ruy Barbosa passou por 50 cidades, sendo uma delas nossa querida Congonhas. Na Estação Ferroviária de Lobo Leite, o inesquecível jurista foi recebido com muito entusiasmo. “O trem especial entrou triunfantemente, no meio de ovações delirantes do povo que enchia literalmente a estação”, registrou o Gazeta de Notícia. Em seguida, o carro foi invadido por “graciosas senhoritas” que jogaram muitas flores no candidato, dando-lhe depois um buquê de flores naturais.
Ruy foi saudado por moradores de Congonhas como padre Antônio Corrêa e Jonas Bezerra Montenegro. Antônio Moreira, personalidade do Alto Maranhão, saudou-o com euforia: “O povo é civilista, porque reconhece os grandes méritos do candidato. O militarismo não viverá porque nada há que prevaleça contra o direito e a justiça”. Ruy Barbosa respondeu dizendo que o orador havia demonstrado que o civilismo era patriotismo. “Enquanto isso, não cessavam as aclamações do povo”, publicou o Correio da Manhã.
Na sequência, “um velho de aspecto respeitável” ergueu nos braços uma criança de três anos, que deu um viva estridente saudando o ilustre visitante. Segundo a Gazeta de Notícias, “o grande brasileiro, comovidíssimo, abraçou e beijou a interessante criança e fez, então, uma vibrante oração”. Por fim, Ruy Barbosa despediu-se oficialmente de Congonhas do Campo. Certamente, um marco em nossa história!
Por Paulo Henrique de Lima Pereira
Membro da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette (ACLCL), do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC) e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas (ACLAC).
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Postado por Nathália Coelho, no dia 02/05/2023 - 19:20