Sabe aquelas oportunidades que, de tão difíceis, é melhor nem tentar para não criar expectativas? Pois é! Elas simplesmente não existem para Maria Thereza Rodrigues de Paula. Aos 17 anos, a moradora do bairro Angélica e estudante do 3º ano do IFMG - Ouro Branco se prepara para viver um intercâmbio nos Estados Unidos. Maria Thereza está entre os selecionados do programa Jovens Embaixadores – uma iniciativa conjunta da Embaixada dos Estados Unidos com a Embaixada Brasileira que seleciona 50 jovens brasileiros, de 15 a 18 anos, estudantes de escolas públicas, para realizar um intercâmbio gratuito nos Estados Unidos. O perfil exigido inclui pertencer a uma família de baixa renda, estar envolvido em causas sociais, sejam elas pequenas ou grandes, possuir excelência acadêmica e, por fim, saber falar inglês.
E é claro que uma oportunidade como essa atrai olhares. De acordo com Maria Thereza, só para esta edição foram mais de 6 mil inscritos para apenas 50 vagas: “Na primeira etapa, são descartados quaisquer candidatos que não correspondam aos requisitos básicos. Os aprovados fazem a inscrição oficial, que exige o envio de uma papelada enorme: carta de recomendação, identidade, boletim, holerite, comprovante de residência, carta sobre a iniciativa social e ainda responder a algumas perguntas em Inglês”, detalha.
Quem passa é submetido a uma prova escrita em Inglês. “O teste aborda conhecimentos gerais e como você lida com certos problemas. Como essa fase foi a causa da minha eliminação em 2021, busquei me preparar melhor na segunda vez, entendendo um pouco mais sobre o que o programa procurava em seus candidatos e expressando melhor minha opinião e meus conhecimentos”. Nesta etapa são eliminados muitos candidatos. Quem fica realiza um exame oral. Após toda essa seleção, é feita uma análise geral e você recebe a resposta final.
Antes de mergulhar de cabeça nessa oportunidade, Maria Thereza pesquisou a fundo sobre o programa, para saber se, de fato, trata-se de uma oportunidade confiável. “Ao fim dessa ‘pesquisa’, percebi o quão única seria aquela chance e resolvi tentar a sorte”, relembra. A cada etapa, a jovem experienciava uma ansiedade enorme, que só passou (aliás, mudou de foco) após a sua aprovação no processo seletivo: “Como a resposta foi enviada com um dia de atraso, eu estava totalmente ansiosa, angustiada e esgotada. Quando abri o e-mail, vi a resposta e paralisei. Não sabia como reagir diante da maior conquista da minha vida até o momento. Só lembro de olhar para o meu pai, chorando, e ele chorar junto comigo. Não tenho palavras para descrever o que senti e nem como foi contar para minha mãe e meus amigos que eu tinha conseguido”, conta.
De malas quase prontas
O intercâmbio ocorrerá entre os dias 27 de junho e 19 de julho. “Iremos nos reunir em São Paulo, para comemorar os 20 anos do programa. Depois iremos para Washington D.C, onde participaremos de palestras, passeatas, programas e realizaremos apresentações sobre o Brasil para escolas da região.
Depois disso, seremos divididos em quatro ou cinco grupos e enviados a diferentes cidades. Retornamos à Washington para uma despedida e, por fim, voltamos ao Brasil”, detalha. A expectativa da estudante é de ampliação dos seus horizontes e construção de experiências únicas: “Espero que esse seja o primeiro de muitos outros contatos externos em minha vida. Quero conhecer pessoas e abrir horizontes que nunca nem imaginava existir. Quero passar felicidade e perrengue ao mesmo tempo, sentir de tudo um pouco, sabendo que aproveitei cada segundo que poderia. Tirar várias fotos, fazer vários amigos e ser uma “brasileira na gringa”, contrapondo todo trabalho que teremos lá, será incrível. Estou esperando de tudo para esse programa”, revela.
Projeto Estéticas Feministas
Como cada embaixador precisa possuir um rico conteúdo para compartilhar, o programa exige que os estudantes estejam engajados em causas sociais. No caso da lafaietense Maria Thereza Rodrigues de Paula, o engajamento social acontece por meio do projeto Estéticas Feministas: Teatro, Mulher, Literatura e Resistência no Ensino Médio Integrado do IFMG. “Fazemos o levantamento e a categorização da produção artística de mulheres em nosso campus, buscando estimular o conhecimento de autores e artistas brasileiros através tanto da prática teatral/literária, quanto da introdução destas minorias, muitas vezes esquecidas pela grade curricular entregue pelas escolas. Embora tenhamos evoluído em muitos conceitos, o patriarcado ainda é majoritário na literatura e na produção dos conteúdos apresentados nas escolas. Nossa missão é mostrar e ressaltar as minorias que movimentam o Brasil a fim de trazê-las para o nosso cotidiano de ensino e pessoal”, conta.
Acreditar sempre
Por muitas vezes, é fácil dizer que ‘enquanto há 1% de chances, podemos ter 99% de fé’. Mas será que realmente nos empenhamos diante de oportunidades tão remotas? Maria Thereza tinha 0,83% de chance de ser selecionada e, ainda assim, empenhou-se em cada etapa, acreditou, de fato, que poderia estar entre esse 1%, e mesmo diante de um primeiro fracasso ela não desistiu. E é essa a mensagem que a jovem embaixadora gostaria de passar: “Para aqueles que, assim como eu, se veem perdidos e, muitas vezes, sem a oportunidade de mostrar seu verdadeiro potencial, eu digo: ‘Não tenham medo! Arrisquem-se e, caso recebam um ‘não’, tentem novamente. Existem diversas maneiras de chegar em um objetivo. Se uma porta se fecha, outras 500 se abrem. Conheçam e amem esses projetos, além de muitos outros que estão por aí, muitas vezes, escondidos. É extremamente importante que mais pessoas conheçam sobre essas iniciativas. Temos tantos talentos, prodígios e estudantes que merecem viver experiências como essa (ou até melhores), mas que pela falta de divulgação ou acesso não têm essa chance. Agradeço, de coração, à minha família, meus amigos e meus professores que sempre me incentivaram e me motivaram a correr atrás. Sem vocês eu nunca teria chegado onde eu cheguei e ainda vou chegar. Espero ver outros lafaietenses e mineiros nesses projetos, alcançando cada vez mais espaços e oportunidades. Embora nem sempre tenhamos incentivo, sempre devemos lutar por nosso futuro e por nossas oportunidades”, finaliza.
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Postado por Nathália Coelho, no dia 20/05/2022 - 18:12