O uso pouco ou nada crítico das mídias sociais, a assistência a filmes estrangeiros sem legendas (dublados) e outras formas de comunicação que fogem ao ato da leitura vem criando uma geração de estudantes e não estudantes com um grau de dificuldade cada vez maior no momento da expressão escrita, da redação. Isso se torna muito perigoso, principalmente para estudantes que pretendem uma boa classificação nas notas do ENEM e concursos, e pessoas que almejam conseguir uma vaga nos concursos públicos.
Essa é uma constatação geral por parte de professores, especialmente de língua portuguesa que, conforme relatam, cada dia veem com mais apreensão a escrita dos alunos. O professor universitário Paulo Antunes, mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso), especialista em produção textual e escritor já com três livros publicados, informa ser esse o grave e maior obstáculo com que os alunos e pessoas em geral se deparam no momento de escrever. “A produção de redações, de questões abertas de prova, o simples ato de se rascunhar um bilhete tem deixado muita gente quase em pânico. Observo isso durante as aulas particulares em que o público é restrito e o contato professor/aluno é muito forte. Redigir está se tornando uma tortura psicológica para as pessoas, pois elas se afastaram do ato de ler e mergulharam num espaço destituído de frases, orações e parágrafos escritos. Esse afastamento do hábito de ler um livro, seja impresso ou virtual, vem ocasionando também sérios danos à capacidade de argumentar de forma racional”, alerta e acrescenta que em suas aulas usa também técnicas teatrais de entonação vocal para que o aluno perceba se escreve ideias completas nas orações, sem se desviar do assunto proposto. “Saber interpretar seu texto e o alheio é fundamental para fazê-lo com coerência e perceber falhas, por isso ensinar a ler com entonações vocais garante a eficiência e a eficácia à redação de quaisquer tipos de textos, além de preparar o aluno para falar em público”, garante o escritor que é também ator.
Para o professor, a prática da escrita está estritamente ligada ao ato da leitura, assim quem não lê ou lê pouco terá sua capacidade expressiva escrita reduzida gradativamente. Isso causa sérios problemas aos alunos candidatos ao Enem e aos universitários em fase de produção dos temidos TCCs (trabalhos de conclusão de cursos), monografias e artigos científicos.
Em conversa com alunos dos ensinos médio e superior, e com professores de escolas e faculdades, a reportagem apurou que a contratação de um profissional da área de Letras para o ensino de redação e serviços de revisão textual cresce acentuadamente. Esses técnicos da língua possuem qualificação acentuada para converter alguém que não lê nem escreve em um leitor e/ou produtor de texto. Antunes explica que “isso se dá porque nas aulas de produção de texto a leitura é um ato partilhado entre professor e aluno, algo que facilita os processos cognitivos necessários à compreensão de textos e, consequentemente, à redação. E a revisão de textos, sob a ótica do revisor especializado, torna esses textos mais compreensíveis, especialmente os exigidos pelas escolas”, enfatiza.
Há previsão de que os cursos de Letras, atualmente em baixa no mercado educacional, cresçam muito nos próximos anos, pois a contratação de revisores de texto e de professores de redação para preparação para concursos vem sendo ascendente para atender à demanda do mercado.
Serviço
Paulo Antunes é professor de redação e revisor de textos com especialização em gramática contemporânea. Escritor, pode ser contactado pelo e-mail [email protected] ou (31) 98860-3777 (WhastApp)
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Postado por Mariana Carvalho, no dia 29/05/2021 - 12:23