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De Buarque a Lafaiete, manancial do Bananeiras acumula problemas




Assoreamento já é perceptível na Lagoa da Jacuba

Na primeira reportagem da série sobre a situação dos mananciais de abastecimento de água de Lafaiete, o Jornal CORREIO percorre a bacia do Ribeirão Bananeiras, desde as suas nascentes, em Buarque de Macedo, até o ponto de captação de água pela Copasa, próximo ao parque de Exposições. Desbravando essa área, entende-se por que a água captada em Lafaiete não tem a qualidade ideal para o consumo e vislumbra um futuro preocupante, que tende a repetir a seca histórica de 2014 – talvez até em maiores proporções. Também discute como frear esse processo antes que se torne tarde demais.

Áreas de recarga, ao longo da bacia, exercem relevante função.

Em Lafaiete, quase a totalidade da água captada e distribuída para consumo vem de fontes superficiais - salvo algumas localidades onde o abastecimento se dá pelo uso de poços. A legislação estabelece uma classificação para as águas de acordo com o seu teor de pureza, que vai da Classe Especial às Classes 1, 2, 3 e 4. Quanto menor a classe, maior é o teor de pureza da água, que tem na Classe Especial o padrão de água mais limpo existente na natureza. Na cidade, a água captada tem padrão de Classe 2, segundo a Copasa. O dado é de 2019, mas a realidade não parece ter sido alterada. Isso nos coloca no limite do padrão, situação que requer cuidados, monitoramento e gestão sobre nossos mananciais.

Antes de Buarque, Bananeiras possui boa qualidade da água

Afinal, o que são os tais mananciais?

Quando falamos em mananciais, nos referimos a um complexo sistema, que envolve não somente o curso d’água onde é feita a captação, mas também seus córregos tributários, as matas ciliares, as nascentes existentes ao longo da bacia e, principalmente, as chamadas “Áreas de Recargas” – que são aquelas existentes ao longo de toda a bacia, livres de impermeabilização do solo, geralmente com cobertura vegetal, seja pastagens ou matas.

Já dentro de Buarque o esgoto sanitário é uma ameaça à qualidade da água

Ao absorverem o excesso de água no período chuvoso, elas exercem três funções de extrema importância: alimentam os recursos hídricos superficiais, o lençol freático e controlam a drenagem superficial, impedindo que o excesso de água seja direcionado ao mesmo tempo para os rios, o que poderia causar sérias inundações, principalmente, na área urbana, onde o rio não tem área de escape para o excesso de água.

Antes de Buarque já existe captação de água para atividade agrícola

De onde vem a água?

A Bacia do Ribeirão Bananeiras pode ser dividida em duas partes. A primeira começa em Buarque de Macedo, descendo até o Parque de Exposições, incluindo aí a região do Bandeirinhas, Trevo de Queluzito, Fazendinha, AABB, Distrito Industrial e Jacuba, cujas águas superficiais que a existem nestas regiões são drenadas para o Bananeiras. A segunda começa abaixo do Parque de Exposições, corta a cidade e corre até Gagé, onde recebe o Ribeirão Ventura Luiz: nasce ali o rio Maranhão.

Abaixo de Buarque, mais desvios de água, antes da captação pela Copasa

Para discutir o assunto, a parte que nos interessa é a primeira, uma vez que ela é quem forma o manancial de captação de água pela Copasa para tratamento e abastecimento público. Entre sua nascente, em Buarque, e a 1ª captação, no parque de Exposições, o Bananeiras vai recebendo contribuição de várias nascentes, o que permitiu a instalação, pela Copasa, de dois pontos de captação de água.

Lagoa da Jacuba é um dos pontos de captação de água da Copasa

A primeira captação é no córrego do Barroso. Nesse pequeno afluente do Bananeiras se situa a Lagoa da Jacuba: um reservatório de capacidade limitada, que foi inaugurado pelo poder público por volta da década de 60, e que sofre com o assoreamento. A outra captação, na bacia do Bananeiras, é próxima ao Parque de Exposições, e enfrenta problemas iguais. A situação se agrava enquanto o poder público não cria um Plano de Gestão da Bacia, que possa garantir a sua vocação como manancial de abastecimento, afastando potenciais ameaças.

Reportagem conferiu o assoreamento do leito do Bananeiras em várias partes

Bananeiras ameaçado

E nesse trajeto, a falta de um plano de gestão da bacia, que possa garantir a sua vocação de manancial, afastando potenciais ameaças, fica evidente. O que vimos, ao percorrer esta primeira parte da bacia do Bananeiras, desde Buarque até Lafaiete, foi uma série de situações e problemas, que contribuem para alterar a qualidade e quantidade de água disponível: assoreamento, ausência de matas ciliares, lançamento de esgoto em Buarque, captação e desvios de água para utilização particular (o que exige a devida regularização).

Desmoronamento de margens assoreiam e leito do Bananeiras

Essa captação de água superficial para a utilização em atividades agrícolas, nesta parte da bacia, abre um precedente perigoso em termos de oferta de água disponível para a captação e abastecimento público. Isso porque a atividade agrícola é uma grande consumidora desse recurso natural e bacia do Bananeiras não tem volume de água para manter as duas formas de utilização - sem esquecer que ainda é preciso ‘sobrar’ um volume de água suficiente para que o rio continue o seu curso normal. É importante destacar que essa atividade de captação de água para agricultura acontece com mais intensidade, justamente, no período de seca, que coincide com o período de menor oferta de água no leito do curso d’água.

Próximo ao Parque de Exposições, a Copasa tem uma segunda captação de água

A série completa pode ser acompanhada semanalmente na edição impressa do Jornal CORREIO.




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Postado por Frances Elen, no dia 23/05/2021 - 16:08


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