Depois de 9 meses sustentada, em parte, pelo auxílio emergencial, Lafaiete voltou a encarar a dura face da pobreza. De abril a dezembro de 2020, nada menos que 34.511 lafaietenses receberam o aporte do governo federal – aproximadamente 40% da população entre 15 e 64 anos na cidade. E não só os trabalhadores desempregados, informais, autônomos e pessoas de baixa renda foram beneficiados. Somando todo o período de repasses (cinco parcelas de R$ 1.200/600 e quatro de R$ 600/300), a cidade recebeu R$146.985.539, que movimentaram a economia em um momento em que o desemprego ganhava um fôlego assustador.
Em janeiro de 2021, esse apoio chegou ao fim – mas a pandemia e seus efeitos, ainda não. O resultado disso pode ser visto, por qualquer um de nós, pelas ruas de Lafaiete: pessoas de todas as idades estão tentando ganhar um dinheiro qualquer vendendo itens diversos. Outras revirando o lixo em busca de alimentos (cena que não era tão comum nos últimos anos) e a habitual mendicância, agora mais intensificada. Ainda existem os que sofrem no silêncio, e sem emprego ou renda, contemplam as panelas vazias sem saber como sair desse abismo.
Graziele Chaves Pinto também depende do Bolsa Família para sustentar seus filhos
Mãe de quatro filhos, de 13, 4, 3 e 2 anos, a dona de casa Graziele Chaves Pinto, 34, mora no Triângulo II e já sentiu o impacto do fim do benefício: “Moro com três filhos (a mais velha está com a tia), minha mãe, que é idosa, e minha irmã, de 33 anos, que é deficiente. Recebi o auxílio emergencial desde a primeira parcela (R$1.200 nas primeiras e R$600 nas últimas) e esse dinheiro me ajudou muito na alimentação deles, além da compra de roupas e sapatos, que a gente precisava faz tempo. Na hora que fiquei sabendo que ia acabar, eu fiquei triste. Não sabia o que fazer”, conta.
Sem o auxílio, Graziele voltou a depender exclusivamente dos R$230 vindos do Bolsa Família – que são a base da alimentação da casa – e da ajuda dos irmãos da igreja que frequenta: “Eu não consigo trabalhar, porque além das crianças, cuido da minha mãe e da minha irmã. Então, era um dinheiro que ajudava muito no sustento dos meus filhos e da minha casa. Manter o auxílio faria toda a diferença na nossa vida”, avalia.
Beneficiada por parcelas de R$600 e R$300, Leonarda Martins, 66 anos, usou o benefício para quitar contas antigas e respirar aliviada. Apesar da idade, a moradora do Triângulo II não tem o amparo de uma aposentadoria: “Esse dinheiro foi muito bom para mim. Eu paguei contas antigas de mantimentos que eu estava devendo - eu comprava e não tinha como pagar. Agora que cortaram, voltei a passar o mesmo aperto. Recebo R$89 do Bolsa Família e dependo da ajuda das pessoas para comer, mas nem sempre essa ajuda vem. Como eu sou sozinha, vou fazendo economia e vou levando a vida. Mas não tenho uma fruta para comer; um leite para beber. Só mesmo o grosso: arroz e feijão. Não tenho dinheiro para comprar uma batata. Se voltasse o auxílio seria muito bom, poque tem muita gente passando aperto. Ainda não tem emprego para as pessoas”, pondera.
Dona Leonarda Martins tenta lavar a vida com apenas R$89 mensais
Saiba mais
No ano passado, o auxílio emergencial beneficiou cerca de 70 milhões de trabalhadores informais e autônomos, desempregados e pessoas de baixa renda. O custo do auxílio emergencial, segundo o Ministério da Cidadania, foi de aproximadamente R$ 300 bilhões, em 2020.
Uma nova rodada deve começar a ser paga. O novo benefício, de acordo com a Medida Provisória, terá valor médio de R$ 250, pagos em quatro parcelas mensais a partir de abril. Serão 45,6 milhões de famílias contempladas, em um investimento de aproximadamente R$ 43 bilhões do Orçamento da União. [Com informações da Agência Brasil]
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Postado por Frances Elen, no dia 22/03/2021 - 17:14