Por Luiz Humberto Monteiro Pereira
Agência AutoMotrix
O Nissan Kicks foi projetado no Brasil e chegou às concessionárias em agosto de 2016, depois de ser apresentado como o carro-oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Inicialmente importado do México apenas na versão “top” SL, oito meses depois, o utilitário esportivo compacto começou a ser produzido no complexo industrial da Nissan na cidade de Resende, no Sul do Estado do Rio de Janeiro. Com a nacionalização, surgiu a configuração SV, com menos equipamentos, e, depois, a versão de entrada da linha, a S, a única que pode ser equipada com câmbio manual de 5 marchas – todas as outras vêm com transmissão continuamente variável (CVT). O motor é sempre o 1.6 bicombustível, com quatro cilindros e quatro válvulas por cilindro, que entrega 114 cavalos de potência a 5.600 rpm e torque de 15,5 kgfm a 4 mil rpm – singularmente, a potência e o torque máximos declarados pela Nissan para o Kicks são os mesmos com etanol ou gasolina. Desde o lançamento, o SUV da Nissan teve poucas mudanças e a configuração intermediária SV, que atualmente parte de R$ 103.090, tornou-se a mais vendida.
O design sempre foi um dos destaques do Kicks. Contudo, o que em 2016 era considerado arrojado e contemporâneo, em 2020 já apresenta evidencias da passagem do tempo. Tanto que um “facelift” foi apresentado na Ásia e deve chegar ao Brasil em 2021, já como linha 2022. Na época do lançamento no Brasil, o SUV chamou a atenção pela inspiração indisfarçavelmente oriental e por aparentar ser maior do que realmente é. O teto preserva seu característico aspecto “flutuante” – revestimentos em preto fosco em todas as colunas ajudam a torná-las pouco perceptíveis, transmitindo a sensação de que a capota flutua. A grade frontal vem com acabamento cromado e, mais recentemente, os faróis ganharam assinatura em leds – faróis “full led” estão reservados à versão “top” SL. Na SV, o para-choque na cor da carroceria incorpora os faróis de neblina, as maçanetas são na cor da carroceria, assim como o aerofólio integrado. As rodas são de liga leve de 17 polegadas.
Todo o Kicks traz de série alarme perimétrico, fixadores traseiros para cadeiras de crianças (Isofix), cinto de segurança de três pontos para todos os passageiros, trio elétrico, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade. Na versão SV, agrega multimídia com entrada para MP3-player, conector USB e Bluetooth, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, ar-condicionado digital, chave inteligente presencial (I-Key), sistema eletrônico de ignição (botão Push Start) e abertura das portas sem o uso da chave, controle eletrônico de estabilidade e tração, sensor de estacionamento, assistente de partida em rampa e piloto automático. Quando equipado com o Pack Plus presente no modelo testado – que acrescenta acabamento dos bancos e detalhes das portas em tecido que simula couro e airbags laterais e de cortina –, o preço sobe para R$ 106.090. Um valor elevado, mas competitivo em relação aos concorrentes com equipamento similar.
Neste ano, com vendas de automóveis “contaminadas” pela pandemia do coronavírus, o Kicks emplacou 29.878 unidades de janeiro a outubro, o que dá quase 3 mil mensais – um desempenho bem abaixo da média de 4.672 unidades mensais vendidas em 2019. Entretanto, em setembro e outubro, a média já ficou em torno dos 4 mil emplacamentos, a mesma faixa que estava em janeiro e fevereiro, antes da pandemia. No acumulado do ano, posicionou-se como o décimo oitavo carro mais vendido do Brasil e lidera as vendas da Nissan. No cada vez mais competitivo segmento de utilitários esportivos compactos, ocupa o quinto lugar nos dez primeiros meses de 2020, atrás do Volkswagen T-Cross, do Jeep Renegade, do Chevrolet Tracker e do Hyundai Creta – todos com projetos mais novos ou “facelifts” recentes. Com as atualizações estéticas e de “powertrain” previstas para a linha 2022, o Kicks tem boas chances de voltar a brigar pelas primeiras posições do ranking da categoria
Experiência a bordo e espaço eficiente
O espaço interno – próximo ao de um modelo médio – é um dos pontos fortes do Kicks. O bom ângulo de abertura das portas e a altura elevada da carroceria fazem com que seja bem fácil entrar e sair do carro. Os bancos frontais utilizam uma tecnologia chamada pela Nissan de “Zero Gravity”, que promete cansar menos – e, de fato, acomodam bem o corpo. A posição de dirigir é elevada e o volante tem boa pegada. A coluna de direção pode ser ajustada em altura e profundidade, algo que, aliado às regulagens do banco, facilita a tarefa de encontrar uma boa posição de dirigir.
Os plásticos rígidos predominam, com alguns raros cromados. Em termos de acabamento, os encaixes são corretos e os materiais aparentam qualidade. Os comandos são bem posicionados. O painel de instrumentos é analógico, porém, oferece boa leitura das informações. A central multimídia de 7 polegadas não chega a ser das mais modernas, mas é intuitiva. A presença de botões físicos no volante e no sistema de som contribui para a ergonomia dentro da cabine. O porta-malas é decente, com 432 litros.
Impressões ao dirigir, sem excessos nem carências
No Kicks SV, a direção elétrica progressiva é bem acertada, funcionando com suavidade e precisão. Ganha firmeza conforme a velocidade sobe. Em altas velocidades, o isolamento acústico não é tão eficiente. Barulho do vento, da rodagem e do “powertrain” invadem a cabine conforme a aceleração aumenta – algo típico dos modelos com câmbio CVT. No Kicks, não é possível “trocar as marchas” por aletas atrás do volante nem pela manopla da transmissão. Falta uma opção de acionamento manual de marchas simuladas para aumentar a força disponível do motor em determinadas circunstâncias, como para reduzir uma marcha – um atributo que ajuda quem gosta de dirigir mais esportivamente. Quando necessário, o botão Sport está lá para aumentar a resposta da aceleração – e o ruído a bordo também. Pode ser usado em longos aclives ou descidas, nas quais o freio-motor é necessário.
O motor entrega 114 cavalos, com etanol ou gasolina, e 15,5 kgfm de torque, o suficiente para conferir alguma agilidade no tráfego urbano e na estrada. Potência e torque não estão entre os maiores da categoria, no entanto, o baixo peso de 1.142 quilos do carro ajuda a viabilizar performances decentes. Na prática, o Kicks não entrega um comportamento muito esportivo, mas agrada a quem gosta de dirigir de forma tranquila. Em termos de estabilidade, é um SUV equilibrado, apesar de sua altura elevada. A suspensão absorve com competência as irregularidades do solo. As rolagens de carroceria são discretas e não chegam a incomodar. O conjunto de suspensão é firme, mas não causa desconforto. Os controles eletrônicos de estabilidade e tração reforçam a segurança quando o motorista abusa do acelerador.
Ficha técnica
Nissan Kicks SV Pack Plus
Motor: gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros, quatro válvulas por cilindro e comando com variação contínua de abertura das válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto semi-sequencial indireta
Transmissão: automática CVT. Tração dianteira
Potência máxima: 114 cavalos a 5.600 rpm com etanol e gasolina
Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm com etanol e gasolina
Diâmetro e curso: 78 mm x 83,6 mm. Taxa de compressão: 10,7:1
Direção: elétrica com assistência variável
Suspensão: Dianteira do tipo MacPherson com barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção.
Rodas e pneus: liga leve de 17” e 205/55 R17
Freios: discos ventilados na frente e tambor atrás. ABS com EBD. Oferece assistência de partida em rampa opcional
Carroceria: utilitário esportivo compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,30 metros de comprimento, 1,76 metro de largura, 1,59 metro de altura e 2,61 metros de distância de entre-eixos
Peso: 1.142 kg
Capacidade do porta-malas: 432 litros
Tanque de combustível: 41 litros
Produção: Resende, Rio de Janeiro
Lançamento: 2016
Preço: R$ 106.090
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Postado por Redação, no dia 28/11/2020 - 18:08