João Bellavinha
Membro da ACLCL e colaborador
Contato: [email protected]
O viajante da fábrica de discos “Copacabana” entrou na Joalheria Irmãos Bellavinha, que possuía discoteca, já se expressando euforicamente: Lafaiete agora vai ficar mais famosa! O mano Paulo indagou: Mas a cidade já é famosa? Sim, retrucou o viajante. Todos os colegas de trabalho falam bem de Lafaiete, principalmente pelo comércio e pelos bons hotéis. Mas a cidade vai ser mais famosa, porque um lafaietense venceu um concurso internacional, criado para escolher o melhor saxofonista latino americano! Olha ele aqui na capa do Long Play. Na contracapa, ele diz que é de Conselheiro Lafaiete. Pedro Bellavinha Júnior (pai) olhou e foi dizendo: É o Cici do Dornélio! Ele não mudou nada! O pai dele, Dornélio Silva, era maestro da banda da “Sociedade Musical Centro Operário” e eu era o presidente. Quando visitava o Dornélio para avisar sobre um convite para uma “tocata” em outra cidade, levava balas para os meninos e o Cicí vinha correndo me abraçar.
Foi assim que, pela primeira vez, ouvi falar do gênio Moacir Silva, sem ao menos imaginar que ainda tocaria com ele, além de faturar alto com a venda de seus discos. Já contei, em outra matéria, que nos anos 20, 30 e 40 eram as “Bandinhas” que animavam os bailes. Eram compostas por músicos escolhidos entre os que tocavam nas bandas tradicionais. Imitavam as existentes nos Estados Unidos, com seus famosos “Bandleaders”, como Benny, Goodman, Duke Ellington, Louis Armstrong, Tommy Dorsey, Glenn Miller ou a brasileira Tabajara.
A Banda Centro Operário também fornecia músicos que formavam a Bandinha (Jazz Band). Ela animava os bailes na sua sede, na rua Marechal Floriano, próximo à oficina da E.F.C.B., regida pelo maestro Dornélio Silva. Em 1994, em um jornal de Lafaiete, Antônio Perdigão publicou antigos convites de clubes para bailes e um deles da “Sociedade Musical Centro Operário”, com data de 5 de julho de 1931.
Conforme certidão de nascimento, que estamos publicando, Moacir nasceu no dia 10 de maio de 1916. Foi nas proximidades da estação da E.F.C.B., em uma rua logo acima da “linha” dos trens, segundo entrevista que ele concedeu ao departamento de merchandising da fábrica de discos “Copacabana”, para ser publicada no verso das capas dos Long Plays.
Aos 9 anos, ele começou a estudar música com seu pai, que tocava bem todos os instrumentos. Um ano depois, já ingressava na banda como flautista. Mais tarde, aprendeu saxofone e tocava também no conjunto que animava os bailes no salão do “Centro Operário”. Em 1941, já morando no Rio de Janeiro, tornou-se profissional e foi disputado pelas melhores orquestras, tocando na de “Zacarias” e na de “Fon-Fon”, quando conheceu o também genial saxofonista Almir Samor.
Tornaram-se grandes amigos. No início dos anos 50, tocava no conjunto do norte-americano Louis Cole, na Boate Vogue, que era frequentada pela família do presidente Getúlio Vargas. Mas foi por pouco tempo, pois logo formou o seu próprio conjunto, contratando os melhores músicos, transformando-se no melhor do Rio de Janeiro, pois o outro ótimo conjunto carioca só possuía um solista – Waldir Calmon.
Então, o mais famoso Hotel da América do Sul e um dos mais conhecidos do mundo, o Copacabana Palace Hotel, contratou “Moacir Silva e seu Conjunto” para tocar em sua “Boate Meia Noite”, na época, a de maior status. A fábrica “Discos Copacabana” contratou Moacir para gravar e ser o diretor artístico. Ele gravou aproximadamente 400 músicas durante os anos em que permaneceu na empresa, mais de 30 discos de vinil, o que o coloca entre os três 3 recordistas do Brasil. A TV Tupi o contratou para um programa semanal, quando era a TV de maior audiência.
Surgiu uma nova marca de disco: “Musidisc”. A direção aceitou que Moacir gravasse com um nome artístico. E foi aí que nasceu: “Bob Fleming”. O primeiro, de vários discos, foi o mais vendido do ano: “Bob Fleming Interpreta Boleros -1” (Sugiro que digite no seu celular e ouça, agora, enquanto lê – eu escrevi esta matéria ouvindo).
Como possuía parentes em Lafaiete, Moacir voltou à cidade algumas vezes, inclusive para batizar o filho de um primo. Em uma das vindas, trouxe a namorada, com quem gravou vários discos: Elizeth Cardoso – “A Divina” – eleita pela crítica a melhor cantora do Brasil, nos Anos Dourados.
Por duas vezes, Moacir Silva tocou com Ritmos Atlanta, convidado pelo amigo Samor, que tocava no conjunto. Tocando Bongô, vivi as grandes emoções quando “El Rei do Bolero – Gregorio Barrios”, contratou Ritmos Atlanta para sua apresentação do Cine Teatro Avenida e ao terminar elogiou, dirigindo-se a cada um de nós e com Moacir, que conheci quando chegou ao Atlanta para tocar. Deu para conversar, mas quando escolheu a primeira música, “Begin The Beguine”, uma de minhas preferidas, para superar a emoção, o frenesi, apelei, para variar, pedindo ao Barman dose dupla de cuba libre. O dono do som de sax inimitável faleceu em 13 de agosto de 2002. O viajante da fábrica de discos “Copacabana” entrou na Joalheria Irmãos Bellavinha, que possuía discoteca, já se expressando euforicamente: Lafaiete agora vai ficar mais famosa! O mano Paulo indagou: Mas a cidade já é famosa? Sim, retrucou o viajante. Todos os colegas de trabalho falam bem de Lafaiete, principalmente pelo comércio e pelos bons hotéis. Mas a cidade vai ser mais famosa, porque um lafaietense venceu um concurso internacional, criado para escolher o melhor saxofonista latino americano! Olha ele aqui na capa do Long Play. Na contracapa, ele diz que é de Conselheiro Lafaiete. Pedro Bellavinha Júnior (pai) olhou e foi dizendo: É o Cici do Dornélio! Ele não mudou nada! O pai dele, Dornélio Silva, era maestro da banda da “Sociedade Musical Centro Operário” e eu era o presidente. Quando visitava o Dornélio para avisar sobre um convite para uma “tocata” em outra cidade, levava balas para os meninos e o Cicí vinha correndo me abraçar.
Foi assim que, pela primeira vez, ouvi falar do gênio Moacir Silva, sem ao menos imaginar que ainda tocaria com ele, além de faturar alto com a venda de seus discos. Já contei, em outra matéria, que nos anos 20, 30 e 40 eram as “Bandinhas” que animavam os bailes. Eram compostas por músicos escolhidos entre os que tocavam nas bandas tradicionais. Imitavam as existentes nos Estados Unidos, com seus famosos “Bandleaders”, como Benny, Goodman, Duke Ellington, Louis Armstrong, Tommy Dorsey, Glenn Miller ou a brasileira Tabajara.
A Banda Centro Operário também fornecia músicos que formavam a Bandinha (Jazz Band). Ela e era animava os bailes na sua sede, na rua Marechal Floriano, próximo à oficina da E.F.C.B., regida pelo maestro Dornélio Silva. Em 1994, em um jornal de Lafaiete, Antônio Perdigão publicou antigos convites de clubes para bailes e um deles da “Sociedade Musical Centro Operário”, com data de 5 de julho de 1931.
Conforme certidão de nascimento, que estamos publicando, Moacir nasceu no dia 10 de maio de 1916. Foi nas proximidades da estação da E.F.C.B., em uma rua logo acima da “linha” dos trens, segundo entrevista que ele concedeu ao departamento de merchandising da fábrica de discos “Copacabana”, para ser publicada no verso das capas dos Long Plays.
Aos 9 anos, ele começou a estudar música com seu pai, que tocava bem todos os instrumentos. Um ano depois, já ingressava na banda como flautista. Mais tarde, aprendeu saxofone e tocava também no conjunto que animava os bailes no salão do “Centro Operário”. Em 1941, já morando no Rio de Janeiro, tornou-se profissional e foi disputado pelas melhores orquestras, tocando na de “Zacarias” e na de “Fon-Fon”, quando conheceu o também genial saxofonista Almir Samor.
Tornaram-se grandes amigos. No início dos anos 50, tocava no conjunto do norte-americano Louis Cole, na Boate Vogue, que era frequentada pela família do presidente Getúlio Vargas. Mas foi por pouco tempo, pois logo formou o seu próprio conjunto, contratando os melhores músicos, transformando-se no melhor do Rio de Janeiro, pois o outro ótimo conjunto carioca só possuía um solista – Waldir Calmon.
Então, o mais famoso Hotel da América do Sul e um dos mais conhecidos do mundo, o Copacabana Palace Hotel, contratou “Moacir Silva e seu Conjunto” para tocar em sua “Boate Meia Noite”, na época, a de maior status. A fábrica “Discos Copacabana” contratou Moacir para gravar e ser o diretor artístico. Ele gravou aproximadamente 400 músicas durante os anos em que permaneceu na empresa, mais de 30 discos de vinil, o que o coloca entre os três 3 recordistas do Brasil. A TV Tupi o contratou para um programa semanal, quando era a TV de maior audiência.
Surgiu uma nova marca de disco: “Musidisc”. A direção aceitou que Moacir gravasse com um nome artístico. E foi aí que nasceu: “Bob Fleming”. O primeiro, de vários discos, foi o mais vendido do ano: “Bob Fleming Interpreta Boleros -1” (Sugiro que digite no seu celular e ouça, agora, enquanto lê – eu escrevi esta matéria ouvindo).
Como possuía parentes em Lafaiete, Moacir voltou à cidade algumas vezes, inclusive para batizar o filho de um primo. Em uma das vindas, trouxe a namorada, com quem gravou vários discos: Elizeth Cardoso – “A Divina” – eleita pela crítica a melhor cantora do Brasil, nos Anos Dourados.
Por duas vezes, Moacir Silva tocou com Ritmos Atlanta, convidado pelo amigo Samor, que tocava no conjunto. Tocando Bongô, vivi as grandes emoções quando “El Rei do Bolero – Gregorio Barrios”, contratou Ritmos Atlanta para sua apresentação do Cine Teatro Avenida e ao terminar elogiou, dirigindo-se a cada um de nós e com Moacir, que conheci quando chegou ao Atlanta para tocar. Deu para conversar, mas quando escolheu a primeira música, “Begin The Beguine”, uma de minhas preferidas, para superar a emoção, o frenesi, apelei, para variar, pedindo ao Barman dose dupla de cuba libre. O dono do som de sax inimitável faleceu em 13 de agosto de 2002.
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Postado por Redação, no dia 12/06/2020 - 13:37