Todas as quartas-feiras, cerca de 15 mulheres, de idades, classes sociais e bairros variados, reúnem-se na praça do Centro de Artes de Esportes Unificados (CEUs), no Rochedo (região sudeste). Em uma Roda de Mulheres & Danças Circulares, compartilham conhecimentos e saberes, trocam ideias, dançam, meditam, refletem sobre o Sagrado Feminino e falam sobre as alegrias e dificuldades de ser mulher em um país ainda marcado pelas diferenças de gênero, pelo patriarcalismo e pelo machismo. “Nossa roda recebeu o nome “Flores de Gaya”, porque nos identificamos como flores que nasceram do sagrado coração da Terra. E Gaya, na mitologia grega, é o nome da deusa da Terra, companheira de Urano (Céu) e mãe dos gigantes Titãs e Ciclopes. Gaya é a personificação do planeta Terra, representada por uma poderosa e gigantesca mulher conhecida por sua grande força geradora”, explica a focalizadora da roda, Valéria Vitao.
Essa história teve início pouco depois da inauguração da praça CEU’s, em abril de 2018, quando a psicoterapeuta holística e instrutora de Hatha Yoga, Valéria Vitao, apresentou dois projetos à coordenação - um voltado para a prática de Hatha Yoga e Meditação e outro para a Roda de Mulheres e Danças Circulares. Os projetos foram acolhidos e, em maio, as atividades começaram sem qualquer ônus para o município. “As mulheres foram se aproximando com certo receio, porque nunca tinham ouvido falar da proposta. Ainda controladas por preconceitos religiosos ou por medo de se autoenfrentarem, muitas acabaram desistindo. Ficaram somente aquelas que realmente se identificaram com a proposta e decidiram se autoconhecer, enfrentar os próprios medos e dores da alma e que, de alguma forma, optaram por curarem a si mesmas”, frisa a focalizadora do projeto.
Nesse tempo, o projeto passou por várias fases. Na primeira, a Roda foi dedicada a entender o que é o Sagrado Feminino e o significado das Danças Circulares e Sagradas. Também foi criado um grupo de apoio a mulheres codependentes afetivas e sobreviventes de relacionamentos abusivos. “Esse grupo foi fundamental para a discussão de temas voltados para a questão do narcisismo - distúrbio da personalidade que afeta milhões de pessoas no mundo todo e é responsável por muitos dos casos de violência psicológica ou física contra a mulher. Foi o momento mais crítico da Roda, porque cada mulher teve que enfrentar a dor de reconhecer que convive ou conviveu com pessoas narcisistas e que, de certa forma, esse convívio redundou em profundas feridas emocionais. Muitas delas, ainda não curadas”, revela Valéria Vitao.
Após essa fase, as mulheres entraram em um processo de autocura, marcado pelos estudos introdutórios acerca do Ho’Oponono - uma técnica havaiana de cura e limpeza de memórias. Em seguida, o grupo estudou a Terapia Floral do Dr. Eduard Bach, em curso gratuito encerrado na semana passada. A próxima etapa será lançar a revista anual da Roda de Mulheres & Danças Circulares “Flores de Gaya”. Neste evento especial, na Casa Tereza Atelier, as participantes receberão os certificados de Multiplicadoras de Rodas de Mulheres & Danças Circulares e de terapeutas em Ho’Oponono e Florais de Bach. “Agora, a Roda pretende continuar os estudos sobre ginecologia natural e tem iniciativas voltadas para a prática de trabalhos manuais”, acrescenta Valéria Vitao.
A repercussão positiva ao projeto surpreendeu sua própria idealizadora: “É muito gratificante ver as mulheres da Roda com a autoestima mais elevada, animadas em cuidar de si mesmas. Autoconhecimento cura, liberta e emagrece! Teve mulheres, inclusive eu mesma, que conseguiram emagrecer e passaram a não ter medo de assumir os talentos que estavam escondidos debaixo de muita mágoa, dor e sofrimento”, pontua a focalizadora da Roda.
Elas escolheram mudar
Maria Augusta da Conceição Pinto Celestrino, 76 anos, já conheceu praticamente toda a Europa e agrega conhecimento e experiência à Roda: “Sonhos se realizam na medida em que não duvidamos deles. Por isso, mesmo com o salário de auxiliar escolar aposentada, consigo conhecer o mundo. Sinto-me jovem, saudável, me amo e me aceito do jeito que eu sou”.
Iara Arlinda Caetano Oliveira, 48 anos, hoje, não aceita situações, relacionamentos ou trabalho indignos: “A Roda me ajudou a reconhecer meus talentos e capacidades. Estou me dedicando com esmero ao autoconhecimento e tudo o que aprendo, busco aplicar na sua vida diária”.
Rosane da Cruz Dutra, 36 anos, afirma que também notou melhoras significativas em sua autoestima e na sua disposição para seguir a vida: “Nosso dia não se restringe a 8 de março. Um dia é muito pouco para quem é mãe, trabalhadora, guerreira, líder comunitária, professora, conselheira, amiga, filha”.
Raimunda Roberta dos Santos Araújo, 58 anos, afirma que, antes da Roda de Mulheres, tinha uma imagem de si mesma muito superficial: “Respondendo ao questionário no Curso Introdutório aos Florais de Bach percebi o quanto eu não me conhecia e o quanto eu evitava enfrentar minhas dores e traumas. Sinto que estou num processo profundo de cura, e isso me faz sentir muito grata e feliz a todo o instante”.
Liliane Patrícia da Costa, 34 anos, conta que a Roda de Mulheres & Danças Circulares “Flores de Gaya” contribuiu para aumentar sua força e autoestima: “As meditações e os trabalhos com a respiração me ajudam a controlar a ansiedade e as preocupações. Além disso, os temas trabalhados na Roda foram essenciais para eu enfrentar questões emocionais que estavam escondidas debaixo do tapete”.
Edvânia Inêz de Almeida Norberto, 49 anos, ressalta que a Roda de Mulheres foi essencial para que ela não se entregasse ao sofrimento e à depressão: “Vou a pé do Santa Matilde até lá, onde sempre encontrei apoio, alegria e muito incentivo para enfrentar minhas dores. Hoje estou bem, me recuperei do processo doloroso e sigo com muita gratidão e sem medo de ser eu mesma”.
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Postado por Redação, no dia 12/03/2019 - 12:08