A escola Comunidade Cirandas, em Paraty, São Paulo, foi aberta há um ano e tem 50 alunos na educação infantil. O que a diferencia de outras é a metodologia que ela adota. Na Cirandas, as crianças chegam às 8h e ficam até às 15h20. Almoçam na escola, lavam os próprios pratos e se revezam na limpeza do refeitório. Os alunos não têm as disciplinas tradicionais, não fazem provas, brincam como em todas as outras escolas, mas não sabem o que é sinal de recreio.Em matéria lançada no início deste mês de maio, Patrícia Pereira, uma colaboradora da Folha de São Paulo em Helsinque, na Finlândia, chega a comparar algumas práticas da Cirandas às vistas nesse país que tem obtido destaque internacional por seu sistema educacional escolar.Segundo a correspondente, a Cirandas já aboliu a grade curricular, (hoje mais chamada de matriz). Ela conta que as crianças chegam à escola e vão para uma roda de canto, poesias e tai chi chuan. Em seguida, vão para a sala de iniciação, para o processo de alfabetização, ou para a sala de projetos. A isso se compara ao que é feito em escolas da Finlândia.A diretora Mariana Benchimol alega que a escola tradicional não leva em conta as diferenças pessoais dos alunos. E critica o uso da apostila como meio de impedir a autonomia intelectual da criança. Segundo a diretora, os professores têm um planejamento que se adequa ao que eles ouvem das crianças e trabalham temas transversais. Ela conta, ainda, que recebem crianças de vários níveis econômicos, de filhos de banqueiros a empregadas domésticas. E que as crianças, com frequência, se tornam amigas. Nessa escola, todos os alunos são do ensino fundamental I, portanto, do 1º ao 5º ano, antiga quarta série primária. Considerando as condições cognitivas das crianças, elas são divididas por afinidade de conhecimentos e maturidade, por idade e por projetos. E, ainda que não façam provas, são constantemente avaliadas, pois existe “uma base interna para acompanhar os Parâmetros Curriculares Nacionais” – PCNs.Assisti a algumas situações que me chamaram a atenção na escola municipal João Pio, na cidade de Tiradentes, bem perto de nós. Eu estava terminando de merendar junto às crianças e pelo menos duas delas saíram de seu lugar e vieram perguntar se eu queria que recolhessem meu prato e talheres. Além disso, vi as oficinas de inglês, de música e contação de histórias. Filmei e fotografei alguns momentos, para tentar processar calmamente mais tarde a que eu assistia. Toda vez que converso com profissionais da educação, de diretores a professores, o que mais ouço é que a legislação não permite mudanças e que a escola não pode trabalhar sem uma matriz. Eu até concordo que é preciso ter um referencial básico, como os conteúdos básicos curriculares – CBCs, mas fico a me perguntar: por que algumas escolas estão fazendo mudanças expressivas na sua matriz curricular, quase que a reinventando, enquanto a maioria das escolas morre de medo de sequer pensar em mexer nela?Estou quase certo de que nossa legislação, como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é mais progressista do que os dirigentes escolares pensam. Creio mesmo que nos falta é coragem, preparação pedagógica e interesse em repensar práticas docentes.
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Escrito por Educação, no dia 25/05/2015