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Educação


Habilidades socioemocionais na escola



Ainda há uma confusão muito grande entre os conceitos ?competências? e ?habilidades? no âmbito da educação formal escolar. Isto mostra a importância de discuti-los. Para alguns teóricos, competências equivalem a habilidades. Para outros, existe uma distinção conceitual. A segunda opção parece mais correta. Competência é domínio de conhecimento, de natureza cognitiva e habilidade, a capacidade, de natureza socioemocional, de aplicar esse conhecimento com destreza e sabedoria, principalmente em situações adversas e emergenciais. É essa preparação que educadores querem no currículo escolar. Daí a ênfase dada aos conceitos resiliência, liderança e cooperação na redação final da Base Nacional Comum Curricular, onde faltava essa sensibilidade.

Segundo o portal AZ, ?As duas versões apresentadas até agora pelo MEC (Ministério da Educação) tinham uma presença tímida desses conceitos, também chamados de "competências do século 21". Isso foi apontado como uma fragilidade do texto. Agora, a base terá uma nova diretriz de organização dos objetivos de aprendizagem, a partir de três "macrocompetências": pessoais e sociais (socioemocionais), cognitivas (os conteúdos das disciplinas) e comunicacionais?.

A bem da verdade, muitos técnicos dessas redações nunca atuaram como professores e não são estudiosos das novas teorias da aprendizagem. Desconhecem, ou conhecem apenas superficialmente, as práticas educacionais inovadoras internacionais, inspiradas nas grandes e atuais teorias como inteligências múltiplas ou a neurociência. Não conseguem abandonar as velhas teorias que sustentaram a concepção de educação escolar formal até agora, na qual foram (fomos) formados e repensar a rotina escolar a partir de outras bases teóricas.

Ainda segundo o portal AZ ,?As habilidades socioemocionais estarão "o tempo todo na base", segundo Castro, e "vão se desdobrar nos objetivos de aprendizado". Ela ainda ressalta a importância das competências comunicativas, com a apreensão de múltiplas linguagens para o mundo atual.

Essas três esferas serão ancoradas aos chamados princípios "éticos, políticos e estéticos". Já previstos, esses princípios se referem aos direitos dos alunos desenvolverem, por exemplo, o respeito e o acolhimento da diversidade, a capacidade do diálogo e a criatividade.?

Honestamente, tenho receio de que esse propósito não vai sair do papel na maioria das escolas. A capacidade camaleônica dos diretores de ?fazer de conta? que estão fazendo diferente é muito grande. Não adiantará nada fazer grandes avanços no papel se as mentes não forem incomodadas para as mudanças. E é isso que todo político e todo gestor ou consultor não encara. A maioria quer ficar bem com a ordem social e as práticas continuam mascaradas, mantendo-se velhas com roupagens novas, mas, superficiais.

Para criarmos uma outra cultura escolar não poderemos ficar atrelados aos interesses corporativos antiquados e superados e nem aos melindres políticos. Por sua vez, os políticos precisam mostrar que realmente estão corajosos para fazer mudanças sedimentadas e ousadas, sem medo de incomodar o conformismo dos eleitores.  Nisso está a fragilidade da prática política brasileira: não ousam, para não contrariar um eleitorado conservador, acomodado e voltado para interesses pessoais e conservadores.  Ao mostrar a importância de levar em conta as habilidades socioemocionais, o portal AZ diz: ?A atenção às competências não cognitivas ganhou força nos últimos anos, após evidências de que características de atitude (como organização) podem impactar no aprendizado. Colaboram ainda para formar um adulto preparado para um mundo em rápida transformação.

Tem sido comum a constatação de que os profissionais de hoje são contratados pelo cognitivo, mas demitidos pelo socioemocional. Mesmo quem domina conhecimentos técnicos não demonstra competências pessoais -que vão do trabalho em equipe à ética e responsabilidade.  Bases curriculares de outros locais, como a de Cingapura (líder na última avaliação internacional, o Pisa), preveem essa abordagem, que não se resume ao aprendizado das disciplinas.

O pensamento da sociedade e da classe política brasileira ainda está atrasado nessa percepção. Por isso, continuamos patinando em resultados cognitivos e em aberrações sociais como violências na escola, desrespeito aos mestres e o tédio de muitos pelo nosso modelo de ensino.

 


José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]



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Escrito por Educação, no dia 26/01/2017




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