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Educação


Estudo não aumenta eficiência no trabalho no Brasil



Segundo pesquisa feita pelo Instituto Ayrton Senna, estudo não aumenta a eficiência do trabalho no Brasil. Essa lacuna entre escola e mercado é discutida nas ideias abaixo.

"O avanço da escolaridade no país, nas últimas décadas, não foi acompanhado do aumento esperado de eficiência do trabalhador brasileiro. A experiência internacional mostra que, à medida que acumulam mais anos de estudo, os profissionais de uma nação, normalmente, se tornam mais produtivos, contribuindo, com isso, para o crescimento da economia.

Dados preliminares de uma pesquisa feita por Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, revelam que isso não parece estar ocorrendo no Brasil. Entre 1980 e 2010, cada ano a mais de estudo no país foi seguido de um aumento extra de produção de apenas US$ 200 por trabalhador. O número é irrisório se comparado ao que ocorreu em outros países. Cada ano a mais de escolaridade foi acompanhado de uma expansão de US$ 3.000 de produção por trabalhador no Chile e de US$ 6.800 na Coreia do Sul.

De acordo com Paes de Barros, é possível que a qualidade e o conteúdo do ensino nas escolas brasileiras expliquem por que o país tem sido um ponto fora da curva. "Pode ser que esse aumento de educação não tenha significado econômico, por isso tenha muito pouco impacto sobre a produtividade", diz.

A piora na qualidade da educação no Brasil também pode ser uma das causas da rápida que­da do ganho extra de renda que os trabalhadores conseguem ao aumentar sua escolaridade. Em 2004, cada ano a mais de estudo resultava em um salário 9,6% maior no país. Em 2014, esse retorno caiu para 7,2%. Outro fator que contribuiu para essa redução, segundo Paes de Barros, foi o aumento do salário mínimo, que elevou a renda do tra­balhador pouco escolarizado.

Uma terceira explicação para a queda do prêmio salarial foi a expansão da demanda da nova classe média por serviços menos qualificados, nos últimos anos. "Nós nos tornamos uma economia intensiva em mão de obra pouco qualificada. Isso tem a ver com o tipo de estrutura de demanda que a economia brasileira gerou." Embora esse movimento tenha contribuído para a redução da desigualdade de renda, ele também pode estar afastando o jovem brasileiro da escola: "Isso não ajuda a incentivar as pessoas a estudar mais".

Um dos principais focos da pesquisa conduzida pelo economista ? que tem apoio do Instituto Ayrton Senna, do Insper, da Fundação Brava e do Instituto Unibanco ? é entender as causas da elevada evasão escolar no Brasil. O estudo mostra que, a cada ano, mais de um quarto dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos tem um dos seguintes destinos: nem se matriculam na escola (15%); abandonam os estudos (7%) ou são reprovados por falta (4%). A meta oficial do governo de universalizar o acesso dessa faixa etária à escola até 2016 não foi cumprida.           

Segundo dados divulgados na semana passada pelo IBGE, a parcela de jovens de 15 a 17 anos na escola chegou a 85% em 2015. Esse percentual tem aumentado em ritmo lento nos últimos anos. E os prognósticos de evolução não são positivos. Pelas contas de Paes de Barros e sua equipe, o Brasil precisaria avançar a um ritmo 23 vezes maior que o atual para universalizar o acesso de jovens de 15 a 17 anos à escola em uma década. Segundo o economista, o objetivo da pesquisa é ajudar os gestores educacionais a entender as causas do baixo engajamento do jovem com a escola e, com isso, adotar as medidas cabíveis.

No estudo, Paes de Barros e seus coautores explicam que há três grandes causas para o afastamento entre o jovem brasileiro e a escola. O primeiro grupo de fatores está ligado a problemas como pobreza extrema, distância grande entre o domicílio do jovem e a escola e gravidez precoce. O segundo motivo é o que eles chamam de "falta de interesse informada" do jovem pela educação formal. "Isso tem muito a ver, por exemplo, com a falta de flexibilidade do currículo do ensino médio", afirma o economista. Por último, há o caso de jovens que têm pouco interesse pela escola por falta de informação adequada".


 

José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]

Fonte: (Folha de S.Paulo, 29/11/16)



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Escrito por Educação, no dia 22/12/2016




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