No dia 8 de setembro, o governo divulgou oficialmente as notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ensino fundamental e ensino médio. E a nota da educação está baixa pelo quarto ano consecutivo. A meta planejada da nota 4,3 não foi alcançada, deixando o Brasil no nível 3,7, que não deslancha desde 2011, na primeira edição do Ideb, lembrando aqui que essa avaliação é feita, oficialmente, de dois em dois anos. O ensino médio é o principal gargalho dessa crise.
O que está acontecendo com a educação brasileira? Por que a aprendizagem dos alunos não deslancha em uma época privilegiada de tantos recursos tecnológicos e acesso à cultura neste limiar do século XXI? Estas questões estão tirando o sono de muitos pais, muitos educadores e muitos políticos bem intencionados. Precisamos de respostas corajosas, debates comunitários em todos os segmentos sociais e não soluções por decreto, como quer o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, ao que parece, não consegue captar o momento das necessidades de mudanças radicais nas estruturas, mentalidades e dinâmica do ensino do país neste momento.
Segundo o site da UOL, [...] "No Ideb 2015 apenas os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano, antigo primário) conseguiram bater a meta (4,9) com o resultado de 5,5. Os anos finais, do 6º ao 9º ano registraram 4,5, abaixo da meta de 4,7. A evolução em qualidade nessa etapa ficou abaixo do esperado. Desde que o índice foi criado, os anos iniciais têm apresentado melhor desempenho, e o ensino médio tem tido mais dificuldade de avançar a qualidade.
Há no Congresso uma proposta para uma reformulação do antigo colegial, com flexibilização do currículo (em que os alunos pudessem escolher parte das aulas) e ampliação da carga horária (em direção à uma jornada de tempo integral de 7 horas).
"As soluções para a crise do ensino médio que surgirão no cenário para o público em geral devem desfilar vestidas de inovação: é mais do mesmo", critica Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e blogueiro do UOL. "No entanto, novidade mesmo seria valorizar os professores, valorizar a boa pesquisa pedagógica sobre o ensino médio, além de uma proposta de interação com os estudantes." Para Daniel Cara, as ocupações das escolas por estudantes secundaristas são um reflexo da falta de identidade dessa etapa de ensino: "os estudantes estão clamando por uma nova pedagogia". "
Na minha percepção como educador que trabalhou com ensino fundamental, médio, graduação e pós, essa abordagem de Daniel Cara é uma das poucas falas pertinentes, lúcidas e corajosas que tenho encontrado nos últimos anos. Na verdade, muita gente já está convicta de que o modelo de escola adotado, principalmente no ensino médio, não tem identidade, não cumpre função social, não gera aprendizagem e não atende requisitos básicos de formação humana e profissional, uma vez que apenas treina para o Enem, que se tornou versão retocada do antigo vestibular para o qual os estudantes treinavam, para "morrer pela pátria e viver sem razão" (Geraldo Vandré), que, parafraseando caberia bem dizer "viver pela pátria e morrer sem razão?.
Tenho pena dos alunos do ensino médio. Ao final, estão esgotados, com mil conteúdos na cabeça, sem saber o que fazer com eles. Perdem três anos estudando assuntos que sequer os ajudam a discernir seus projetos pessoais e profissionais. Três anos só para treinar para fazer prova de seleção para ensino superior?
Um claro sinal de falta de identidade do ensino médio é o fato de muitos alunos chegarem ao final dele totalmente perdidos, sem conhecerem suas habilidades cognitivas e sociais (Sócrates e o "conhece-te a ti mesmo") depois de três anos, estudando treze disciplinas. O mais irônico é ver que essa fábrica de ensino, que tritura os alunos, tem tirado nota baixa desde o primeiro Ideb. Por favor, fale sobre isso com alguém. Precisamos cobrar e fazer mudanças já!
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
Contato: [email protected]
Fonte: <http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/09/08/ideb-2015-nota-da-educacao-continua-ruim-principalmente-no-ensino-medio.htm> Acessado 18/setembro/2016.
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Escrito por Daniela Costa, no dia 30/09/2016