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Educação


Reforma do ensino médio e mercado



Segundo a Folha de São Paulo, em edição recente, "A reforma da estrutura do ensino médio, em discussão no Congresso Nacional e no Ministério da Educação, pode tirar da gaveta uma esperada mudança de rota na educação dos jovens brasileiros: a aproximação dessa etapa aos interesses dos estudantes e do mercado de trabalho." Assim seja! De quantas cabeças abertas, precisaríamos para realizar a reforma do ensino médio? No Brasil, mudança em educação só acontece por decretos impostos e não por consciência cidadã. É uma pobreza de mentalidade.

Paulo Saldanha, que assina a matéria, diz que "A expansão do ensino técnico de nível médio deve ganhar força com a reformulação. Mas, esse movimento depende da superação de desafios econômicos, burocráticos e pedagógicos." Ho­nestamente, para mim, a transformação do ensino médio em etapa de formação para o mercado e sua redução a curso de nível técnico seria um retrocesso ao perfil do governo da ditadura militar brasileira que reforçou a visão tecnicista em detrimento da formação acadêmica dos estudantes. Em grande parte, como esvaziamento ideológico que evitou a existência de uma escola capaz de questionar e criticar o sistema, uma vez que aprender tornearia não levaria um aluno a perguntar pelas disparidades, injustiças e desigualdades perpetuadas pelo sistema. Até porque, para muitos jovens, ser inseridos cedo no mercado como força de trabalho parece ser mais independência financeira do que exploração.

A matéria traz dados que assustam. "O número de matrículas no ensino médio teve em 2015 uma queda inédita, o que não se via pelo menos desde 2007. Os dados coincidem com a piora da crise econômica e cortes em iniciativas como o Pronatec (programa federal de educação profissional). A retração de 3% na quantidade de alunos entre 2014 e 2015 interrompeu um avanço anual de matrícula de 9% registrado desde 2011. A meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é triplicar essas matrículas até 2024. O que exige um ritmo de crescimento de 20% ao ano". Honestamente, vejo os cursos técnicos como imposições aos pobres. Como gosto de aspectos teóricos acadêmicos, apesar de ser uma pessoa prática, capaz de fazer reparos como bombeiro, marceneiro e eletricista, acho lamentável o desvio do ensino médio para formação técnica profissional. O Brasil precisa aprender a pesquisar e a produzir conhecimentos técnicos e não pode se contentar em formar jovens com habilidades apenas para montar peças idealizadas por jovens de outros países. Os jovens estão abandonando o ensino médio ou indo para cursos técnicos, porque precisam reforçar a renda familiar. Vem o Estado e dá ao ensino médio um perfil técnico por meio de reformas. Essa iniciativa só serve para reforçar desigualdades e papéis sociais, além de emperrar a construção de uma nova cultura escolar voltada para a pesquisa. Defendo a pesquisa como mote de qualquer nível de escolaridade.

"Havia, no ano passado, 763 mil estudantes de ensino médio em cursos de formação técnica. Isso representa 9% do total de alunos da etapa. Outros 1 milhão de alunos já haviam terminado o médio, mas faziam curso profissional. Somando, são quase 1,8 milhão de alunos no ensino técnico de nível médio. O que pode estimular a educação profissional é a flexibilização do ensino médio, prevista no novo modelo. Metade da grade será comum e, para o restante das aulas, haverá a opção de aprofundamento em cinco habilitações: linguagem, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cumprir a mesma carga horária de 13 disciplinas. Isto vale até para quem está em cursos integrados (em que o aluno faz o técnico e o médio normal na mesma escola).

Pessoalmente, penso em outra direção. Essa mesma flexibilidade, deveria ser aproveitada para a formação de pesquisadores, uma vez que o Brasil carece de produção científica por falta de pesquisas rigorosas e sistemáticas. No mínimo, o MEC teria de impor que, paralela à formação técnica, o ensino médio priorizasse a formação para a pesquisa desde o ensino fundamental II, mas, sobretudo, no ensino médio. Educação pela pesquisa: essa é a minha bandeira atual.


José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]

Fonte comentada: <http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/08/1808443-reforma-do-ensino-medio-deve-aproximar-alunos-de-seus-interesses.shtml> Acesso: 02/setembro/2016.



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Escrito por Educação, no dia 23/09/2016




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