No dia 27 de junho de 2024, a antiga gestão publicou um vídeo oficial anunciando a conclusão da obra da galeria pluvial nas ruas Marechal Floriano e Doutor Moreira. O comunicado ressaltava o cumprimento do prazo e destacava a importância da intervenção para resolver os recorrentes alagamentos na região central. Segundo informações que circulam, a obra teria consumido cerca de R$ 4 milhões em recursos públicos, oriundos do Conselho Municipal de Saneamento Básico.
Nos meses seguintes, no entanto, a obra revelou problemas estruturais: afundamento do solo, rompimento do asfalto e retorno dos transtornos. O que deveria ser solução se tornou novo problema e, mais uma vez, coube à população arcar com os impactos da má execução.
Não se trata de um caso isolado. O episódio da rua Doutor Moreira revela um padrão que, aos poucos, se torna visível para quem observa com atenção. Obras inauguradas sob discursos empolgados e vídeos bem produzidos, mas que escondem, sob o asfalto, mais do que encanamentos, dúvidas. Dúvidas sobre planejamento, sobre fiscalização, sobre responsabilidade. Enquanto os problemas cresciam debaixo da terra, muitos que deveriam fiscalizar pareciam manter o olhar fixo em outros cenários, talvez mais confortáveis, talvez mais estratégicos.
Hoje, com a mudança de gestão, a responsabilidade de resolver esse legado recai sobre novas mãos. E é justo reconhecer que a atual administração tem se mobilizado para enfrentar os prejuízos herdados, buscando soluções com transparência e diálogo. Corrigir o que foi mal feito não é tarefa fácil. Exige coragem para assumir responsabilidades por erros cometidos por outros — e pagar a conta com recursos públicos e a paciência da população. Chama a atenção, contudo, ver rostos conhecidos reaparecendo em novas paisagens. Alguns que passaram em silêncio quando a cidade mais precisava de fiscalização e vigilância, agora surgem em fotos e vídeos, celebrando o conserto daquilo que, em parte, poderia ter sido evitado. É um gesto curioso. Há permanências que não se encerram com os ciclos eleitorais, apenas mudam de posição no enquadramento.
Diante da gravidade do ocorrido e do investimento envolvido, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma medida legítima. Não por revanchismo ou espetáculo, mas por dever de responsabilidade. Para que se apure como foi conduzido o processo, onde falhou, e para que se evite repetir os mesmos erros.
Lafaiete não pode continuar sendo vítima de obras mal feitas e da política mal fiscalizada. Que este episódio seja um marco de ruptura. Que a verdade venha à tona e que ela gere mudanças reais.
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Escrito por Ramos e Raízes, no dia 28/05/2025