A figura mitológica do diabo encarna o mal e a perversidade sem extremos e mensuração de valores, quer materiais, quer espirituais. O diabo, assumindo as mais variadas formas, está sempre presente no mais íntimo do nosso ser, pronto para assumir, ao nosso menor descuido, a sua posição de destaque e de pleno domínio.
Orgulho, vaidade, ciúme, prepotência, egoísmos, dentre tantos, são os diabos que, disfarçados de amor próprio, fazem com que o ser humano ultrapasse os limites da sua consciência e trilhe os caminhos que o levam ao fim colimado: o poder.
A partir do momento em que o ser humano se afasta dos sagrados e salutares grilhões da consciência para atingir os seus objetivos, virtudes como ética, moral, respeito ao próximo e temor a Deus desaparecem, dando lugar à satisfação íntima do mando, da superioridade, da altivez e da prevalência do princípio de que vencer e subjugar o seu semelhante é a máxima glória.
Não obstante marcar presença no íntimo de todas as pessoas, é em alguns advogados que o diabo exerce maior influência e se destaca com maior fulgor e intensidade. Na qualidade de cultores do direito e considerando que onde está o direito está o homem, ou, melhor ainda, que o direito nasceu com o homem, certos advogados tornam-se presas fáceis da mais sobre roupagem do diabo: a vaidade.
O confronto e o debate com o seu adversário, o ambiente elitizado e de nobreza onde e como se dá o embate, a admiração, os aplausos e até mesmo a inveja dos seus semelhantes fazem, tantas vezes, aflorar em alguns advogados o orgulho, a vontade férrea de vencer sempre, custe o quanto custar, doa a quem doer. A sua vaidade merece!
E assim eles se tornam seres poderosos. Não lhes importam, a partir daí, os epítetos e epigramas que por ventura lhes forem lançados e, muito menos, os soluços e apelos dos desgraçados por seus atos. Desprezam, sem remorsos, o amor, o carinho e a consideração daqueles que ainda os querem e os chama à razão e à realidade.
Só lhes importa estar no topo da glória, alimentando o fantástico dragão da vaidade que habita o seu ser; é o seu ópio, é o seu tudo.
Os advogados que guardam no seu coração as prédicas do diabo sempre querem, nunca dão; se dão, exigem sempre algo em troca, pouco lhes importando saber se aquele do qual exigem é um desgraçado que vive de joelhos perante os altares da vida clamando por misericórdia. Afinal, a lei é igual para todos e ele, como cultor da lei, não pode e não deve fazer concessões.
Esquece-se, porém, que acima da lei dos homens – tantas vezes diabólicas – está a Lei Divina, emanada do Supremo Árbitro do Mundo, que um dia o julgará, assim como todos nós.
Cláudia Maria Siqueira Camargos Botelho
Professora da FDCL
Carlos Alberto Salim de Resende Camargos
Professor da FDCL
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Escrito por Direito no Alvo, no dia 06/08/2021
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