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Educação


Formação de professores e qualidade de ensino



Os conceitos sobre formação e qualidade não são tão simples como parecem. Podemos tratar deles pensando em práticas antigas de sala de aula ou sonhando com novas formas de dar aulas. Prefiro pensar nessa segunda, mas o ponto de partida e de chegada da entrevista abaixo é o velho e superado sistema de ensino. Enfim...

Em entrevista, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que, "Se formássemos nossos médicos como formamos nossos professores, os pacientes morreriam". Por que ele afirma isso? Ele estaria pensando em um novo modelo de escola como a medicina tem buscado novas metodologias de aprendizagem?

O entrevistador aperta nas perguntas, questionando o atraso no ensino e o impacto sobre a produtividade. O ministro defende a ideia do aumento de acesso de 2,4 contra 7,5 milhões de acesso atuais ao que é seguido da pergunta sobre a permanência e a evasão dos alunos, principalmente no ensino médio.

Mais profissionalização é a resposta do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, à análise de economistas de que falta qualidade ao ensino brasileiro e, sem isso, a economia do país não crescerá de forma sustentada. Que qualidade é essa? De qual qualidade ele está falando? Dizer que o ensino recebido pela elite brasileira é de qualidade, depois que os ricos do Brasil tiram notas mais baixas do que os estudantes de escola pública (isso mesmo) de países latinos menores e com, aparentemente, com menos potencialidade do que nós? Fica difícil definir o que as autoridades chamam de ensino de qualidade e que tipo de formação eles defendem para os professores.

A formação dos professores tem que se voltar para a prática, diz: "Se formássemos nossos médicos como formamos nossos professores, os pacientes morreriam". Aqui ele sinaliza, possivelmente, para a Problem Based Learning ? a PBL, acredito. É o caminho metodológico que algumas universidades têm adotado mirando o modelo dos EUA. 

Ao ser interrogado sobre a análise dos economistas que têm dito que o Brasil não vai crescer de forma sustentada sem aumento de produtividade e que a qualidade da educação está na raiz desse aumento, mas o ensino não melhora, o ministro responde que o Brasil precisa acelerar a transição para uma economia do conhecimento, educação, ciência e tecnologia e inovação. Honestamente, eu não vejo as gestões escolares, nem os alunos, nem as famílias visando a isso. O que cada aluno e família parecem buscar é um lugar ao sol a qualquer custo. Ainda que eles precisem de uma capa chamada escola através da qual possam viver à sombra de alguém ou de alguma benesse, reclamando de que a capa está furada.

De fato, a escola tradicional tem sido uma furada. Não tem assegurado nenhum desses desenvolvimentos desejados pelo ministro. Por isso, é preciso colocar em pauta um debate urgente sobre o que queremos dizer sobre formação de professores e qualidade de ensino. Precisamos dos dois, mas terão de ser diferentes do que conhecemos.

Você vai ver que o resto da entrevista continua falando do novo, mas os alicerces e as bases continuam as antigas. Não vejo como fazer o milagre de reestruturação da escola com conceitos antigos. O resto da fala do ministro pode ser acessado em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/ 2015/11/1712167-se-pais-formasse-medicos-como-professores-pacientes-morreriam-diz-mercadante.html

 

José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]



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Escrito por Educação, no dia 18/12/2015




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