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Educação


Ocupação de escolas: algo novo no ar




Experimente ir ao site da Folha Uol e clique no link Cotidiano. Você vai se deparar com uma sequência expressiva de tópicos sobre crescente ocupação de escolas públicas por alunos do ensino médio, no estado de São Paulo. Há grande possibilidade de a maioria dos ocupantes não terem uma proposta clara sobre que escola eles reivindicam, mas está claro o que eles não querem. Portanto, ainda não sabem o que querem, mas sabem o que não querem. E isso tem de ser levado a sério, tem de ser respeitado e tem de ser analisado pelas autoridades e pela sociedade em geral. 

Enquanto o Ministério da Educação lança um primeiro esboço para a criação de uma base curricular nacional a ser discutida, os alunos estão pedindo algo que não sabem definir o que seja, passando pelo currículo, mas não se limitando a ele.  A ocupação de escolas públicas por alunos do ensino médio indica que algo novo está no ar. E pode ser a defesa de um outro modelo de escola.  A linguagem simbólica poderá se materializar na demanda por novas configurações da escola e seu funcionamento. Além disso, a exigência de maior respeito e investimento do estado federal na educação, pela criação de um programa educacional de Estados.

A criação de ciclos únicos de ensino pelo governo de São Paulo consiste em estruturar escolas pelo critério de séries iniciais e séries finais do Ensino Fundamental e Médio, a fim de atender os públicos específicos com estruturas escolares es­­pe­­cíficas, diz o governo.  O plano prevê que, em 2016, sejam fechadas 93 escolas e que haja o remanejamento de 311 mil alunos da rede pública paulista.  Essa decisão governamental, que está sendo fortemente rejeitada pelos alunos, pode não representar a melhor iniciativa, mas parece ser a busca honesta de governos estaduais em investir em melhores resultados na aprendizagem, o que abre a possibilidade de algo novo estar no ar.

Alguns raciocínios podem indicar que tudo não passa do sucateamento da escola pública e de apenas medidas de contenção de despesas por parte dos governos estaduais. Não creio muito nessa tese, uma vez que o baixo desempenho dos alunos nas avaliações oficiais impacta diretamente sobre a aceitação e imagem dos governantes que não adotariam o fechamento de escolas só para resolver problemas eco­nô­micos dos Estados. Essa medida seria politicamente suicida.

O governo alega a busca de adequação mais funcional de mobiliários para os alunos segundo a idade, em vista de melhorar os resultados da aprendizagem.  Ao mesmo tempo, sinaliza para a o fechamento de escolas, o que passa a ser visto como mero expediente de contenção de recursos.  Pais, alunos e professores estão reagindo, pois alegam que a sociedade não foi devidamente consultada e que as medidas são arbitrárias.

Essa atitude da sociedade, a princípio reacionária e conservadora, pode ter um sentido maior:  no fundo, o cidadão comum da sociedade civil quer que os governos façam mudanças estruturais no sistema escolar e nas estruturas físicas das escolas, a tensão maior é que poucos têm clareza sobre o que mudar nos currículos, o novo tipo de professor que o mundo precisa e como deveria ser formado.

As forças de transformação estão maiores do que as de conservação, mesmo entre os que protestam contra medidas do governo. O grande desafio é ter clareza sobre o que precisa ser demolido e o que deveria ser construído. Há um conflito de ideário educacional no ar, que foi assumido pela sociedade civil e que, pelas tensões, sinaliza que há algo novo no ar. Uma nova escola pode ser construída. Tomara que tanto sofrimento não caia na vala comum.

 

José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: [email protected]

 

 



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Escrito por Educação, no dia 04/12/2015




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