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Aloisio Ramalho


Mesmo após a crise, coronavírus vai mudar dinâmicas de trabalho



Se mesmo com todas as ações do mundo do trabalho que visam conter a propagação do novo coronavírus — como home office, reuniões por conferência ou uso de férias e banco de horas — você se sente perdido, eis uma boa notícia: você não está só. A crise de proporção global surpreendeu empresas dos mais diversos tamanhos e setores, incluindo executivos experientes e consultores. 

Em meio a um mar de incertezas, há uma percepção que parece unânime: a crise do coronavírus terá efeitos perenes sobre a forma de trabalhar. A leitura é a de que o isolamento vai provocar a criação de novos hábitos e comportamentos no universo corporativo, com revisão das reais necessidades de se manter processos e estruturas.

“Algo que pode ter um efeito marcante é a preocupação com as pessoas. Estamos lidando com uma questão global que tem impacto nas pessoas, e é preciso entender que os modelos de gestão serão diferentes. Não se pode priorizar o lucro neste momento: o gestor deve pensar de forma mais ampla sobre as consequências e impactos sociais para resolver a crise.”

A transparência — não apenas nos momentos de crise — pode ser uma nova tônica da gestão de empresas pós-coronavírus, impulsionada pelo trabalho remoto. Em uma dinâmica de condução de processos a distância, é mais difícil controlar as ações de funcionários, o que exige um alinhamento maior entre as equipes e a própria empresa. A ideia é que cada um entenda as ambições da companhia e seja capaz de tomar atitudes para caminhar em direção a um norte comum.

“O mundo vai ser diferente depois do coronavírus, e algumas coisas estão claras: lidar com a imprevisibilidade exige a queda do sistema de comando e controle. Um time que veja tudo o que está acontecendo e que entenda os desafios e objetivos da empresa tem mais capacidade de reagir às dificuldades que se apresentam.”

Esta mudança não se restringe apenas ao aumento da transparência na comunicação da alta liderança com os funcionários, mas abarca uma transformação mais radical das dinâmicas da empresa. Para que isso funcione, aposto no modelo de sociedade, em que os trabalhadores tenham participação significativa nos lucros e resultados e entendam que as movimentações têm impacto direto em sua remuneração e, consequentemente, na vida pessoal. “Ninguém quer se matar pelo executivo principal, mas por si próprio, trilhando a própria carreira”. “É preciso que as pessoas queiram empreender junto e que tenham informação suficiente para saber tomar riscos.”

 



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Escrito por Aloisio Ramalho, no dia 06/05/2020

Aloísio J M Ramalho


Consultor Empresarial

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