O colapso da escola está paralelo ao econômico, no Brasil. Autoridades continuam falando em educação de qualidade para um modelo que não suporta mais remendos. Eles discursam e a realidade desmente. Isso só aumenta a decadência do sistema.
Recentemente, li uma entrevista na revista Veja, daquelas páginas amarelas, que falava sobre a baixa produtividade econômica no Brasil, o mal das políticas protecionistas para a economia globalizada e o fechamento do país às demandas do mercado internacional, na dinâmica da produção mundial.
Na entrevista, o venezuelano, Ricardo Hausmann, especialista em desenvolvimento da produtividade internacional, surpreende com a declaração de que “existe um certo exagero em vender a educação como uma bala de prata para resolver os problemas do subdesenvolvimento”, disse. (Veja 18 de março – 2015).
Esse discurso é coerente, pois verificamos que o sistema escolar reproduz, na sua base, as mesmas políticas protecionistas praticadas pelo modelo econômico no Brasil, pautando-se no desperdício, na baixa produtividade e no uso de técnicas e métodos ultrapassados, sem perceber as tendências internacionais em educação. Essas são razões pelas quais poucos professores e poucos alunos conhecem o modelo educacional adotado na Finlândia, em Israel ou na Coreia do Sul, por exemplo.
Em todas as redes de ensino no Brasil, vemos muito faz de conta e pouca produtividade, muito desperdício e pouca contribuição social da escola. A instituição escolar brasileira há muito deixou de ser solução. Hoje é um peso ético, social, econômico e político descabido. Qualquer um de nós que estivesse disposto a fazer uma maratona por algumas escolas, de qualquer rede, encontraria muita conversa nas aulas e nos corredores. Encontraria, ainda, muitas lâmpadas acesas e muito gasto desnecessário de água. Se entrasse nas bibliotecas, encontraria sempre os poucos usuários. Por vezes, alguns grupos de alunos, copiando um tema, sobre o qual pouco ou nada sabem dizer, alegando pesquisa. O que se vê mesmo é muita conversa, do fundamental à pós-graduação. O desperdício material e intelectual é assustador.
Se você fosse aos almoxarifados, encontraria muito desperdício de máquinas e material didático. Alguns, jamais foram utilizados. Estão sem manutenção devido à burocracia hierárquica que adia os consertos, ou estão abandonados por causa da falta de preparação dos profissionais para manuseá-las. Em algumas escolas, são as duas coisas. O colapso do sistema é, deveras, muito assustador, pois ele está no desperdício e na baixa produtividade.
Qualquer empresa iria à falência se a sua produção ficasse na faixa de 6%, como ocorre com a das escolas. Muitos alunos são aprovados ao final do ano sem adquirirem a aprendizagem esperada o que é confirmado nos baixos resultados da Prova Brasil, Enem e Enade. E daí? O que você vai fazer como cidadão diante disso?
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ
Contato: [email protected]
Você está lendo o maior jornal do Alto Paraopeba e um dos maiores do interior de Minas!
Leia e Assine: (31)3763-5987 | (31)98272-3383
Escrito por Educação, no dia 31/07/2015