Implantar novas tecnologias nas salas de aula é aplicar um conceito educacional inovador na educação, mas não é, necessariamente, uma garantia de maior aprendizagem dos alunos. Apesar de algumas escolas usarem recursos tecnológicos inovadores e de outras investirem na reinvenção do conceito de aulas e de avaliações, de currículo e de metodologias de trabalho, de tempo e de espaço escolar, o nível da aprendizagem continua baixo e os resultados estão frustrando professores, pais e alunos. Afinal, por que isso está ocorrendo e o que pode ser feito para melhorar a aprendizagem dos alunos?
Nenhuma dessas medidas conseguirá resultados confiáveis se forem aplicadas de forma isolada. Elas são importantes, mas precisam ser orquestradas e aplicadas de um planejamento e de um processo mais amplo, apoiado em teorias consistentes e claras. E, aqui, esbarramos com um problema.
Se perguntarmos a diretores, coordenadores, professores, familiares e alunos sobre qual é a teoria da aprendizagem adotada na sua escola, possivelmente teremos muitas surpresas. Parece que a maioria não se preocupa com isso ou não vê importância em se preocupar com isso. E por que definir uma teoria ou teorias e ter clareza sobre seus conceitos e sua aplicação na escola é importante? Ora, a aprendizagem está ligada à aplicação de algum método que, por sua vez, está vinculado a alguma teoria. E isso não poderia ser feito intuitivamente? Já é feito. Só que as teorias sobre aprendizagem têm mudado e requerido novos métodos. A Psicologia tem nos ajudado nisso só que a escola não chega facilmente a ela. É o caso da neurociência.
Tenho apostado muito que esse ramo do conhecimento vai revolucionar as concepções de aprendizagem na escola. E já tem gente debruçada nessa questão. É o caso do instituto Airton Senna, que acaba de contratar uma pesquisa no Rio de Janeiro que vai entrevistar 25 mil alunos da rede estadual de ensino para investigar como se dá o aprendizado escolar e o tipo de impacto verificado na aprendizagem entre aqueles alunos que possuem a habilidade do foco e da disciplina nos estudos. A isso chamam de conscienciosidade, a capacidade da pessoa de ser responsável, de ter foco, persistência, disciplina. Já descobriram que essa habilidade significa, a cada nove meses de aulas de matemática, um bônus de três meses no aprendizado. Para tanto, vão recorrer à neurociência, com o trabalho do renomado neurocientista carioca Robert Len e ao trabalho do economista Ricardo Paes de Barros pesquisador das áreas de desigualdade e mercado de trabalho. Resta indagar: a escola está aberta e preparada para aplicar os conceitos e resultados dessa pesquisa?
O primeiro desafio das escolas é realizar uma revolução cultural. Essa é a mais difícil de todas. Não é possível mudar procedimentos sem repensar conceitos, sem a maiêutica socrática. Escolas que dizem que estão mudando sem realizar, corajosamente, a implantação de novos conceitos, ficam apenas no nível dos bons propósitos. Nenhuma educação conseguirá ser inovadora, utilizando recursos tecnológicos ou metodologias inovadoras, mas apoiada em conceitos superados.
O conjunto da obra de novos conceitos e novas tecnologias tem de criar processos novos assumidos por todos, desde o porteiro até o diretor ou diretora, reitor ou reitora. Assim como nenhum professor conseguirá revolucionar uma escola mesmo com bons conceitos, mas na solidão da sala de aula, também nenhum conceito aplicado de forma isolada criará novos processos cognitivos e metodológicos na escola.
Sugiro que essas reflexões sejam feitas em reuniões de pais e que a neurociência seja objeto de estudos e debates nas reuniões pedagógicas, promovidas por supervisores escolares, visando à formação continuada dos professores.
Eis uma fonte com estudos sobre neurociência:
https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=artigos+sobre+neuroci%C3%AAncia+e+aprendizagem
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Escrito por Educação, no dia 07/07/2015