Além de ser o principal caminho de acesso ao ensino superior público no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também abre portas para instituições estrangeiras. No exterior, Portugal é o país com maior número de universidades que aceitam o Enem para selecionar brasileiros. Desde 2014, quando a Universidade de Coimbra, em Portugal, se tornou a primeira instituição estrangeira a utilizar o exame como forma de seleção para brasileiros, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), braço do Ministério da Educação (MEC), passou a firmar acordos de cooperação com as instituições do país.
Embora o MEC, oficialmente, só tenha convênios com Portugal, universidades de outros países, como França, Irlanda, Reino Unido e Canadá, também já utilizam as notas do Enem em seus processos seletivos. Segundo o MEC, 35 instituições portuguesas já adotam o Enem. Até abril deste ano, elas aprovaram mais de 1,2 mil brasileiros por meio do exame, de acordo com o ministério. Cada universidade tem autonomia para definir as notas de corte para acesso aos cursos. Pelo acordo firmado, o Inep é acionado para conferência das notas dos candidatos no Enem.
Edmilson Motta, coordenador-geral do Colégio Etapa, lembra que, muitas vezes, para aceitar os estudantes, as universidades estrangeiras exigem que eles tenham sido aprovados em alguma instituição de seu país. "Por isso, é muito comum o aluno usar o Enem para estudar no exterior. A Fuvest não é conhecida fora do país, já o Enem, sim. Até pelo tamanho que tem, ele se tornou o segundo maior exame do mundo (só perde para o da China)".
Motta reforça que o Enem virou quase "um vestibular para Portugal" e, para conseguir uma vaga em uma universidade portuguesa de ponta, as notas exigidas são consideradas baixas, se comparadas com as do Brasil.
"Para cursar Direito no Brasil, por exemplo, é preciso de pelo menos uma média 700 no Enem. Para Portugal, com 600 pontos o aluno é competitivo. Algumas universidades exigem notas bem baixas. E o preço não é tão absurdo, é a média do que se gastaria em uma boa universidade no Brasil".
Foi por meio do Enem que a paulistana Julia Lapa Comarin, de 18 anos, conseguiu neste ano uma vaga no curso de Direito da Universidade Lusófona, no Porto, em Portugal. Desde que soube da oportunidade nas aulas do cursinho, viu que não seria impossível ser aprovada e começou a correr atrás da documentação. "Você precisa fazer a conversão de todas as notas do Ensino Médio, porque, pela escala portuguesa, as notas vão de 0 a 20. Depois precisei ir atrás de todas as declarações que eles pedem, apostilei os documentos, paguei uma taxa e enviei."
Recém-chegada na universidade, já que as aulas começaram em setembro, ela diz que o ambiente acadêmico é acolhedor. "Estudar fora é mudar de vida completamente. Você está em outro país, longe da família e vai ter de aprender a fazer tudo sozinho. Na faculdade, eles são muito abertos, tem imigrantes de vários países, e eles ajudam muito."
Fonte ? Título adaptado. Texto de Vanessa Fajardo. Disponível na Folha Uol.
José Antônio dos Santos
Mestre pela UFSJ e membro ACLCL
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Escrito por Educação, no dia 01/11/2018