Foto: P.de Souza
Preocupados com a turbidez, o cheiro e o aspecto da água, moradores denunciam o despejo de esgoto in natura
Lafaiete registrou um avanço importante na cobertura de esgotamento sanitário. Segundo o Censo 2022, 93% dos 58.285 domicílios do município estão ligados à rede de esgoto. No entanto, o dado otimista esconde um problema persistente: os mais de 3.900 imóveis fora desse sistema. A pergunta é inevitável: “Para onde vão os resíduos desses domicílios?” Para quem transita por locais como a rua Geraldo Marques, no prolongamento da Marechal Floriano Peixoto, a resposta parece clara: para os cursos d’água da cidade.
Preocupados com a turbidez, o cheiro e o aspecto da água, moradores denunciam o despejo de esgoto in natura no rio Amaro Ribeiro, que deságua no já castigado rio Bananeiras, nas imediações do Corpo de Bombeiros. O rio atravessa a cidade disputando espaço com o concreto, o lixo e a poluição, até chegar a um dos pontos mais críticos, que é na ponte que fica na rua Geraldo Marques, no bairro Santa Matilde (zona sul). Segundo os denunciantes, a água corre escura, espessa, com aspecto turvo e sem vida. “Está impossível passar por ali. O cheiro é muito forte; parece esgoto puro”, contou um morador, que preferiu não se identificar. Ele e outros vizinhos afirmam que o problema é recorrente e tem piorado com o tempo.
Copasa nega esgoto clandestino
A reportagem procurou a Copasa, responsável pelo sistema de saneamento básico em Lafaiete. Em nota, a companhia afirmou que enviou equipes técnicas ao local na quinta-feira, dia 10, mas não identificou vazamentos na rede de esgotamento sanitário que pudessem justificar o lançamento no rio. A empresa atribuiu a alteração da coloração e da turbidez da água às chuvas recentes, que teriam aumentado o volume do rio e dificultado a apuração. Ainda assim, garantiu que segue monitorando o manancial em busca de eventuais lançamentos indevidos.
Prefeitura responde
O problema chegou ao conhecimento dos vereadores Roger Diego (PSDB), Samuel Carlos (Pode) e Gina Costa (Mobiliza), que cobraram informações sobre a qualidade ambiental do rio Bananeiras e a continuidade dos serviços de coleta de lixo no município. Em resposta aos questionamentos, a PMCL reconheceu que não realiza monitoramento direto da qualidade da água do rio Bananeiras - tarefa atribuída aos Comitês de Bacias Hidrográficas, como o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), que eventualmente aciona a prefeitura quando há projetos específicos.
Ainda segundo nota do Executivo, a fiscalização ambiental ocorre “com base em denúncias”, e os infratores podem ser notificados ou acionados judicialmente, principalmente nos casos de descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que obriga imóveis com acesso à rede pública de esgoto a se conectar a ela.
A prefeitura afirma, ainda, que realiza ações pontuais de limpeza e desassoreamento, e que tanto o rio Bananeiras quanto o ribeirão dos Almeidas estão incluídos no programa “Pró-Mananciais”, da própria Copasa - projeto que prevê ações de educação ambiental nos próximos anos.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 26/04/2025 - 11:20