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Cultura


Semana Santa: Ofício de Trevas será apresentado nesta quarta-feira em Lafaiete

De origem medieval, o Ofício de Trevas – ou Tenebrae, em latim – é celebrado nas noites que antecedem a Quinta, Sexta e Sábado Santos.



Foto: Divulgação


Sob a regência do maestro Geraldo Vasconcelos, o consagrado Madrigal Roda Viva volta a emocionar o público

Na noite desta Quarta-feira Santa, dia 16, às 20h, a Paróquia de São Sebastião, em Conselheiro Lafaiete, será palco de uma celebração que transcende o tempo e o espaço. Mais do que um evento litúrgico, o Ofício de Trevas – rito ancestral da Semana Santa – será revivido como um mergulho profundo na espiritualidade barroca, onde a fé se encontra com a arte em uma experiência sensorial única.
Sob a regência do maestro Geraldo Vasconcelos, o consagrado Madrigal Roda Viva volta a emocionar o público ao interpretar obras-primas do barroco mineiro, como os Responsórios para a Semana Santa, de Jerônimo de Sousa Queirós, e o comovente Miserere mei Deus (Salmo 50), de Manoel Dias de Oliveira. Com sua impressionante técnica vocal e expressividade poética, o grupo transforma música em oração, som em presença.

Entre sombras e silêncio: o que é o Ofício de Trevas?
De origem medieval, o Ofício de Trevas – ou Tenebrae, em latim – é celebrado nas noites que antecedem a Quinta, Sexta e Sábado Santos. Durante o rito, velas dispostas em um candelabro triangular vão sendo apagadas uma a uma, simbolizando o abandono de Cristo, o luto da criação e o silêncio divino. No barroco mineiro, essa cerimônia encontrou um solo fértil de expressão artística, perpetuada por mestres como Lobo de Mesquita, Manoel Dias e o menos conhecido, porém não menos genial, Jerônimo de Sousa Queirós. "É mais do que música, é um rito de recolhimento. Cada vela que se apaga é um convite ao silêncio interior", explica o maestro Vasconcelos. "É a pausa que antecede a luz, o vazio que prepara a ressurreição."
Com décadas de atuação, o Madrigal Roda Viva se tornou referência na interpretação da música sacra colonial brasileira. Mais que um grupo vocal, é um projeto de memória viva: restaura partituras esquecidas, forma novos talentos e emociona plateias com sua estética refinada e profunda espiritualidade. "Cada nota que cantamos carrega séculos de história. Fazemos música como quem ergue pontes entre passado e presente, entre o humano e o sagrado", diz Vasconcelos. Este ano, a apresentação ganha um novo brilho com a participação do grupo Terra Sonora, de Mariana, cuja missão é resgatar e interpretar manuscritos musicais dos séculos XVIII e XIX, com instrumentos históricos e pesquisa rigorosa. O nome do grupo remete à tinta ferrogálica usada nas partituras coloniais – literalmente, sons que brotam da terra. Formado por Maria Emília Dutra (flauta transversa), Gustavo Fechus (violino), Everson Oliveira (cello) e Vitor Gomes (órgão), o quarteto promete dialogar com o Madrigal Roda Viva numa comunhão sonora rara. “Eles tocam como quem lê uma oração antiga. Com respeito, com alma, com escuta”, destaca Vasconcelos. Com liturgia presidida pelo Padre Daniel Marcos, a cerimônia será aberta ao público e se propõe como um tempo de pausa em meio ao ritmo apressado da vida moderna. "Vivemos cercados de ruído. O Ofício de Trevas nos pede o oposto: sombra, silêncio, contemplação", afirma o maestro. "É uma pedagogia da ausência que prepara o coração para a presença. Uma travessia entre a dor e a luz."



Com décadas de atuação, o Madrigal Roda Viva se tornou referência na interpretação da música sacra colonial brasileira




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Postado por Rafaela Melo, no dia 15/04/2025 - 09:38


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