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Espera-se uma população maior e mais longeva, porém, com pior qualidade de vida, ou seja, com mais problemas de saúde
Assim como diversas cidades brasileiras, Lafaiete comemora o aumento da expectativa de vida da sua população, mas também precisa encarar de frente o impacto do envelhecimento populacional. Dados do IBGE divulgados em dezembro de 2023 revelam que a esperança de vida ao nascer no Brasil alcançou 76,4 anos, superando os níveis anteriores à pandemia de covid-19. Para os homens, o índice subiu para 73,1 anos, enquanto para as mulheres chegou a 79,7 anos. Em comparação a 1940, quando a expectativa de vida era de apenas 45,5 anos, o aumento é de mais de 30 anos.
Esse aumento é visto como um reflexo das melhorias nas condições de saúde e nos serviços sociais, mas também acende o alerta para necessidade de investir em políticas públicas voltadas para a população idosa. Dados do Estudo Global de Carga de Doenças (GBD), de 2021, indicam a transição da prevalência de infecções que afetaram a humanidade para um cenário com mais adoecimento por doenças não transmissíveis. Problemas cardiovasculares, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes, pressão alta, dieta inadequada e tabagismo terão o maior impacto na carga de doenças. Assim, espera-se uma população maior e mais longeva, porém, com pior qualidade de vida, ou seja, com mais problemas de saúde.
Dados do Censo 2022 apontam que pessoas com 60 anos ou mais representam quase 18% da população de Lafaiete. São 13.244 mulheres e 10.175 homens, somando 23.419 pessoas, que têm suas demandas defendidas pela Associação dos Idosos de Conselheiro Lafaiete. Fundada em 2004, a Aicol foi duramente impactada pela pandemia de Covid-19, que suspendeu atividades e reduziu seu número de associados. "Já alcançamos a marca de 200 associados, mas estamos em um processo de retomada, buscando recuperar o tempo perdido", afirma Dulce Marcenes, presidenta da entidade.
Entre as atividades oferecidas, a associação promove suas reuniões todas as quartas-feiras, em sua sede, com uma boa roda de conversa, jogos da memória e bazares, além de planejar a retomada de oficinas de artesanato e viagens recreativas para 2025. “As empresas e os comerciantes que quiserem contribuir com ofertas de brindes para sorteio e distribuição entre os participantes de nossas atividades podem nos procurar. Como pretendemos também retomar as viagens recreativas por nossa região, estamos abertos a receber contribuição e ofertas das empresas de transportes”, acrescenta.
Políticas tímidas e carências na saúde
Um dos principais gargalos apontados pela Aicol é a infraestrutura de saúde. "Os serviços públicos não estão preparados para absorver a demanda crescente da terceira idade. O fechamento do asilo dr. Carlos Romeiro é um exemplo claro das fragilidades enfrentadas", critica Geraldo Heleno Lopes, vice-presidente da associação. Além disso, a entidade destaca a importância de garantir cuidados especializados em geriatria e de promover ações que previnam o adoecimento físico e mental. "Atividades de integração e lazer são fundamentais, mas ainda são escassas em nossa cidade", reforça Dulce.
Conforme avaliam os representantes da Aicol, apesar do preconceito etário ainda estar muito presente, os idosos desempenham um papel fundamental na economia local. "Os aposentados injetam milhões de reais no comércio e no setor de serviços no início de cada mês. Também são essenciais para a contenção de crises familiares, ajudando financeiramente seus parentes em situações de desemprego ou dificuldades", destaca a Aicol. Neste sentido, a entidade também aponta a necessidade de políticas que promovam a reinclusão de idosos no mercado de trabalho, valorizando sua experiência e potencial. "Hoje, muitos trabalham por necessidade, mas precisamos de ações que estimulem a participação ativa desse público de forma digna e produtiva", afirma Geraldo Heleno.
Conferência municipal
A Aicol vê na etapa municipal da 6ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, prevista para 2025, uma oportunidade para avançar no diagnóstico e na formulação de políticas públicas voltadas para a terceira idade. "É essencial que o poder público organize uma conferência ampla, garantindo a participação majoritária de idosos e promovendo discussões aprofundadas sobre suas necessidades", avalia Dulce. A associação reforça o apelo por maior reconhecimento e apoio às suas atividades. "Somos um parceiro estratégico para o município e temos muito a contribuir. No entanto, precisamos de suporte para continuar promovendo o bem-estar e a integração dos idosos em nossa cidade", conclui a presidenta.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 02/02/2025 - 12:20