Foto: Rafaela Melo
Geraldo Plaza (Paulo VI): crateras que chegam a formar pequenos lagos nesses dias de chuva
A precariedade do asfaltamento em Conselheiro Lafaiete é uma realidade que atravessa administrações, recursos escassos e promessas adiadas. Nos bairros mais antigos, a malha asfáltica revela décadas de abandono, marcada por buracos, ondulações e remendos que pouco – ou nada - resolvem os problemas. Já nas áreas mais recentes, o problema recai sobre a qualidade das obras, com pavimentações improvisadas por empreendedores (sem a devida fiscalização pública) em terrenos sem estrutura adequada e sem implantação de redes de esgoto e meios-fios, agravando os transtornos para a população.
Em uma cidade desgastada pela má gestão do asfalto, denúncias recorrentes de moradores, publicadas pelo Jornal CORREIO, revelam o impacto direto desse cenário. Em bairros como Cachoeira, São João e Santa Matilde, crateras abertas há meses dificultam a mobilidade e comprometem a segurança. O cenário também expõe a ineficiência das operações tapa-buracos, apontadas como um paliativo que apenas posterga intervenções mais abrangentes.
E justamente por isso, um mapeamento encomendado pelo prefeito Leandro Chagas (PRD) e executado por meio de um programa de inteligência artificial trouxe um número que não chega a surpreender, mas que expõe o tamanho do problema. Segundo ele, foram identificados 931 buracos em dezenas de vias. "Estamos finalizando mais um dia de trabalho e estudando soluções para melhorar as condições do asfalto e da limpeza urbana. Temos trabalhado muito para resolver esses problemas," afirmou o prefeito em vídeo publicado na segunda-feira, dia 13.
Esforços e promessas de melhorias
Na tentativa de mudar esse panorama, o prefeito Leandro Chagas (PRD) anunciou recentemente, ao lado do deputado federal Reginaldo Lopes (PT), a obtenção de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) para recapeamento asfáltico e outras obras de infraestrutura. Segundo Reginaldo Lopes, estão previstos convênios de R$ 1,8 milhão, R$ 1,4 milhão e R$ 300 mil para pavimentação, cuja execução deve avançar a partir de 2025. Na oportunidade, o prefeito reconheceu a gravidade da situação e afirmou que abandonará as operações tapa-buracos em favor de soluções mais duradouras.
Dinheiro público pelo ralo
E se há algo que deixa o lafaietense ainda mais irritado com a situação da pavimentação urbana é a sensação de que há muito dinheiro público indo para o buraco. Em 2023, obras na avenida Geraldo Plaza consumiram mais de R$ 3 milhões para a execução do recapeamento asfáltico e construção de rede de drenagem pluvial. Menos de 4 anos depois, a avenida é uma das que apresentam pior situação, com crateras que chegam a formar pequenos lagos nesses dias de chuva.
O quadro vergonhoso é uma dor de cabeça diária para moradores da zona sul, trabalhadores e empresários que se alocam ao longo da via. Era de se esperar que, em se tratando da obra de pavimentação de grande porte mais recente na cidade, a empresa responsável respondesse por esse prejuízo, mas isso claramente não vem ocorrendo. Além da prefeitura, moradores também questionam o papel de empresas como a Copasa, frequentemente associada a obras de má qualidade que intensificam os danos nas vias. As críticas recaem sobre reparos que não resistem às chuvas, ampliando o desgaste do asfalto e os custos para o município.
O buraco é mais embaixo
Se é certo que os recursos destinados pelo deputado Reginaldo Lopes têm potencial para ajudar a tratar o problema em pontos específicos, também é certo que não serão suficientes para atender a todas as demandas da cidade. Em entrevista exclusiva concedida ao Jornal CORREIO em abril de 2024, o então prefeito Mário Marcus estimou em R$ 50 milhões o investimento necessário para substituir todo asfalto, fazendo um fresamento e uma nova pavimentação nas principais avenidas e entradas da cidade.
E como não havia esse recurso em caixa, sua administração enviou um projeto de lei à Câmara, solicitando a autorização para que o município contraia esse crédito junto às instituições financeiras para realizar esse serviço. A ideia era contratar uma empresa para realizar o serviço de pavimentação com uma garantia de 5 anos. Assim, os pagamentos do empréstimo seriam feitos com a própria economia dos serviços de tapa-buracos. Mas como se tratava de um ano eleitoral e prefeitura não poderia contrair esse empréstimo, a tarefa ficou com o novo prefeito, cabendo ao novo gestor decidir se este é o melhor caminho para substituir todas as principais vias de Lafaiete.
Você está lendo o maior jornal do Alto Paraopeba e um dos maiores do interior de Minas!
Leia e Assine: (31)3763-5987 | (31)98272-3383
Postado por Rafaela Melo, no dia 27/01/2025 - 19:30