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Polícia


Acidentes com motos na região sobrecarregam o SUS e levam a lesões graves e dores crônicas



Foto: divulgação bombeiros


Acidente registrado no bairro Carijós, no dia 30/04/2024, em Lafaiete

 

 

Nos últimos dez anos, Lafaiete testemunhou um cenário preocupante no trânsito. Segundo dados do Observatório de Segurança Pública de Minas Gerais (até 01/10/2024), os acidentes com motocicletas deixaram 2783 vítimas. A maioria entre os que pilotam são ho­mens, que predominam entre as vítimas, somando 75,72% dos acidentados (2.108), contra 23,99% de mulheres (668). 45,4% dos acidentados (1.362 pessoas) têm entre 18 e 29 anos, enquanto 19,8% (595) têm de 30 a 39 anos. No recorte racial, a maioria das vítimas é branca (1.199), seguida por pardas (934). Em relação à escolaridade, 940 pessoas tinham ensino médio completo, mas em 594 casos essa informação não foi registrada. Apesar da predominância de lesões leves (1.928 casos), é impossível não perceber o impacto dos demais: nesses dez anos, 324 pessoas sofreram lesões graves e 29 perderam a vida. O ano mais letal foi 2018, com 6 mortes, mas os dois anos seguintes foram aqueles que mais registraram acidentes graves ou com vítimas inconscientes: 38 e 40, respectivamente. Em 2023, 28 pessoas foram socorridas nessas condições, e até agora, em 2024, já são 24. Duas pessoas morrem em decorrência de acidentes com motos em 2023 e, em 2024, outras duas.

Esses dados refletem a tendência nacional de sobrecarga nos sistemas de emergência, onde sete em cada dez atendimentos a traumas graves envolvem motociclistas, sendo que a maioria (53%) utiliza a moto para o trabalho. Em âmbito nacional, a taxa de internações de motociclistas no Brasil cresceu 55% entre 2011 e 2021, resultando em um custo de R$ 167 milhões apenas em 2021, segundo o Ministério da Saúde. São pacientes que ficam semanas internados, muitas vezes demandando leitos de terapia intensiva e múltiplas cirurgias, o que impacta diretamente as filas de espera para outros atendimentos.

Além dos custos ao sistema de saúde, há prejuízos para as vítimas, que in­cluem afastamento do trabalho, perda da condição laboral e sequelas permanentes. Segundo dados da SBOT, 39% dos motociclistas sofrem com dor crônica após acidentes, enquanto politraumas demandam internações superiores a duas semanas.

 

Panorama nacional

Um levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) em 45 instituições de saúde que atendem ao SUS (Sistema Único de Saúde) trouxe uma radiografia da situação. Traumas em motociclistas respondem hoje por 66% dos atendimentos ortopédicos que chegam a esses serviços.

40% das fraturas são fechadas (o osso não fica exposto) e demandam um tempo de internação de até uma semana. Para fraturas expostas, que respondem por 18% dos traumas, esse tempo varia entre 8 e 15 dias. Pacientes com politraumas (várias fraturas) representam 10% do total. Em média, eles podem permanecer por mais de 14 dias internados e frequentemente precisam de cuidados de terapia intensiva. As sequelas mais graves in­cluem perda permanente de mobilidade (8%) e amputações (3%), além de dor crônica em 39% dos casos.

Segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, a taxa de internações de motociclistas subiu 55%, indo de 3,9 para 6,1 por 10 mil habitantes, com custo de R$ 167 milhões apenas em 2021. A alta demanda causada pelos acidentes sobrecarrega ainda mais os hospitais públicos já superlotados e subfinanciados, segundo a SBOT. São cirurgias caras, que utilizam pinos, hastes, placas e parafusos, sem contar os custos pessoais, como afastamento do trabalho ou até perda da condição laboral. Entre os mil motociclistas acidentados entrevistados no estudo da SBOT, 26,2% declararam pilotar sem habilitação. Mais de um terço (38,9%) admitiu cometer infrações no trânsito, como trafegar entre veículos, e 6,8% relataram ter sofrido acidentes nos últimos dois anos. Segundo o levantamento, a grande maioria (92%) dos motociclistas afirma usar capacete regularmente. O capacete previne o dano encefálico e, muitas vezes, evita a morte na cena do acidente. No entanto, não previne as fraturas expostas, as fraturas de membros, que são as que mais impactam o sistema de saúde.

 

Do susto à recuperação

Desde 30 de agosto de 2024, Bruna de Melo Oliveira também faz parte dessa estatística – e, felizmente, com final feliz. Moradora do Santa Matilde (zona Sul), a assistente administrativo teve seu braço fraturado em um acidente registrado na rua Miguel Garcia, bairro Jardim dos Inconfidentes: “Fui ultrapassar um carro, ele me fechou sem dar seta e bateu na moto, me jogando no chão. Fiquei 6 dias hospitalizada e tive que ser submetida a uma cirurgia”, conta.




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Postado por Sônia da Conceição Santos, no dia 22/12/2024 - 10:20


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