Foto: Aquiles Trevizani
O lamentável caso de latrocínio, ocorrido em Lafaiete, no dia 4 de novembro, trouxe à tona, além da preocupação com a escalada da violência, a apreensão de moradores do bairro Santa Matilde (zona sul). Os supostos autores do homicídio estavam escondidos em um galpão abandonado, naquela localidade. De acordo com pessoas que residem nas proximidades, o local se transformou em abrigo para pessoas em situação de rua.
É o que revela Maria Arlinda Afonso de Almeida, que mora na rua Olga Bhering há 22 anos. Segundo ela, o espaço fica na rua Ana de Castro, próximo ao número 396: “O galpão está cercado por muito mato, o que torna vulnerável à presença de pessoas estranhas e serve de esconderijo para atividades ilícitas. Além disso, o mato e a sujeira acumulada representam um risco para a saúde pública, sendo um possível foco de dengue. É preciso que o terreno seja limpo e fechado, para evitar tantos perigos”, afirma.
O galpão, que pertence a uma loja de aço falida, está em processo judicial há anos, mas, até agora, não houve uma solução a respeito de sua destinação. Com isso, os vizinhos ficam à mercê das ocupações indevidas. Andréia Augusta de Souza Senna, que mora na rua desde que nasceu, reforça a preocupação com a insegurança: “O casal envolvido no latrocínio estava em situação de rua e frequentemente passava pela área, pedindo dinheiro e comida”, revelou.
A suspeita é de que os acusados tenham observado a rotina da vítima, antes de cometer o crime. O fato deixou a comunidade do Santa Matilde apavorada, já que a dupla circulava pela região, e pode, juntamente com outros andarilhos, ter observado os demais moradores. Andréia relata que sua própria casa já foi assaltada, assim como a oficina ao lado, onde equipamentos foram roubados: “O medo aumentou ainda mais após o assassinato; precisamos de mais ação, por parte da polícia”, alegou.
Cidiane Neves da Costa, que reside na rua Ana de Castro há três anos e tem filhos pequenos também está temerosa: “Há movimentação constante de pessoas suspeitas, que entram e saem do galpão. O mato alto e o lixo acumulado completam o cenário de terror e representam riscos, tanto para a segurança quanto para a saúde pública, com focos de dengue recorrentes. Solicitamos a limpeza do local e o reforço na segurança pública”, completa.
Uma das mais antigas moradoras da região, Kátia da Silva Faria também denuncia os riscos constantes: “Moro aqui há 40 anos; é constante a presença de andarilhos, que usam o galpão para dormir, consumir drogas e até para realizar atividades ilícitas. Já vi pessoas suspeitas. Fizemos várias reclamações à ouvidoria do Município e também aos agentes de saúde, por medo da dengue, mas até agora não houve ação efetiva. O ideal é que esse prédio abandonado fosse demolido, já que está penhorado pela justiça e o processo não avança”, opina.
Apreensivos, os moradores pedem uma rápida resposta, por parte das autoridades e dos agentes policiais. A comunidade do Santa Matilde e adjacências pede socorro, e questiona: “Até quando ficaremos nessa situação? Vão esperar acontecer outro crime para agir?”, desabafaram os entrevistados.
Polícia Militar posiciona-se
O 31º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelas ações da PM em Lafaiete, respondeu aos leitores do Jornal CORREIO, preocupados com a onda de violência na cidade, que teve, no dia 4 de novembro, mais um triste episódio, com um latrocínio (roubo seguido de assassinato), no bairro Santa Matilde (zona sul). Atendendo ao questionamento, a PM lembrou da rápida ação, que resultou na prisão dos criminosos: “A Polícia Militar logrou êxito em identificar prontamente os acusados do delito. Além disso, o receptador do material angariado também foi preso. Houve, ainda, a captura de um foragido da justiça, durante as diligências”, enumerou. Vale lembrar que, no dia 4, militares compareceram à residência invadida, onde o morador foi encontrado, já sem vida. A vítima estava amordaçada e havia sinais de violência.
Bandidos reviraram a casa, danificaram objetos e atingiram o morador no rosto. Vizinhos e parentes deram por falta de duas televisões. Os autores, um casal em situação de rua, foi localizado no bairro Campo Alegre. Ambos com 26 anos de idade, os jovens confessaram a autoria do homicídio. Eles estavam com os documentos da vítima. As duas televisões roubadas também foram encontradas com um homem de 53 anos, que foi preso por receptação.
De acordo com o 31º Batalhão, o êxito na captura dos envolvidos somente foi possível diante das abordagens realizadas previamente pelos militares: “Assim que tomaram conhecimento das características dos acusados, os militares puderam indicar rapidamente quem seriam os criminosos, o que foi ratificado prontamente durante as diligências. É importante ressaltar que a PM realiza abordagens preventivas, junto a pessoas que estão em situação de rua, tanto em caso de suspeição de prática de delitos, bem como para que obtenham amparo junto aos órgãos competentes, principalmente a assistência social”, esclareceu.
A corporação lembrou que, caso os indivíduos em situação de rua estejam em condições que despertem suspeitas, o fato pode ser denunciado à PM, via telefone 190, para que seja feita a abordagem e a devida averiguação: “em caso de suspeição, o cidadão poderá informar o fato à Polícia Militar, sem a necessidade de se identificar, bastando descrever o local do ocorrido, características físicas e vestimentas das pessoas que estiverem em conflito com a norma vigente”, ressaltou.
Um ofício foi enviado à assessoria de comunicação da prefeitura de Lafaiete, mas até o fechamento desta edição não havíamos obtido resposta.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 22/11/2024 - 14:58